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Psicoterapia

Complexo de Édipo - Uma Introdução. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Complexo de Édipo – Uma introdução

Quando se fala em Complexo de Édipo a ideia que normalmente surge é: o filho quer matar o pai para ficar com a mãe.

Antes de mais, é preciso dizer que o “Complexo de Édipo” é uma metáfora criada para descrever uma quantidade de ideias, emoções e impulsos, em grande parte inconscientes, que gravitam em torno das relações que as crianças estabelecem com os seus pais. O Complexo de Édipo aponta para a angústia e culpa que a criança sente em relação aos seus desejos, assim como para as consequências de agir de acordo com eles.

Para compreendermos melhor o mito Edipiano temos que ir à origem: Rei Édipo de Sófocles.

A história de Édipo começa com a traumatização psicológica e física de uma criança por aqueles que deveriam ser os seus protectores, os pais.

Laio e Jocasta, Reis de Tebas, foram advertidos pelo oráculo que o filho deles, o bebé Édipo, estava fadado a assassinar o próprio pai. Este, depois de lhe terem trespassado os pés com uma lança, é entregue a uma pastor por Jocasta, com instruções para ser abandonado no deserto para morrer.

Édipo acaba por escapar à sua morte prematura sendo cuidado pelos reis de Corinto, Polybus e Merope, e cresce acreditando que estes são os seus verdadeiros pais.

Quando certo dia lhe é sugerido que os Reis de Corinto não eram os seus pais, Édipo fica tão consternado que vai consultar o oráculo de Delfos, e este diz-lhe, que ele matará o seu pai e casará com a sua própria mãe. Acometido com essa profecia e desejando ardentemente proteger aqueles que pensa serem os seus pais, sai de Corinto decidido a não voltar.

Entretanto numa encruzilhada tem um desentendimento e mata um homem – Laio, o seu pai.

Por fim Édipo chega a Tebas, que está nesse momento assolada pela Esfinge, que instalada num penhasco propõe enigmas a todos os que passam por perto, matando qualquer um que não desse a resposta correcta. Édipo, destroçado com tudo o que tem acontecido, e não tendo muito apreço pela vida, aceita o desafio da esfinge e consegue resolver o enigma que ela lhe apresentou. Como recompensa por ter libertado Tebas, Édipo é feito rei e casa com Jocasta.

Muitos anos depois, abate-se sobre Tebas a peste como punição do assassinato não vingado de Laio. Édipo, vai então procurar o assassino e a verdade é revelada. No fim da tragédia, Jocasta suicida-se e Édipo cega-se.

Aquilo que se entende por Complexo de Édipo tem um significado simbólico de grande riqueza referencial. Entender o Complexo de Édipo como: rapazinhos que querem matar o pai e casar com a mãe é de extrema simplificação, ou mesmo descabido. É preciso não esquecer que quando Édipo matou Laio e acabou casado com Jocasta, este não sabia que estes eram os seus verdadeiros pais. Na verdade Édipo saiu de Corinto para proteger aqueles que julgava serem os seus pais.

Fazer Psicoterapia é um Sinal de Sanidade

“Optar pela psicoterapia não é um sinal de perturbação. É o primeiro sinal de sanidade …”

Há muitas coisas que nos fazem resistir de fazer terapia. Existe a ideia de que você tem que ser um pouco louco ou com um grande e estranho problema para fazer terapia.

Pode ser difícil ver que a terapia não é de facto para um grupo selecto e pequeno de pessoas com distúrbios.

É para todos, porque na verdade é completamente normal estar um pouco confuso, um pouco ansioso ou às vezes desafiado por relações, vida familiar e o rumo da carreira.

Então, na verdade, a única condição para fazer terapia é ser um ser humano normal.

A psicoterapia não é apenas uma oportunidade para as pessoas se sentirem genuinamente escutadas. É um espaço relacional que acolhe as angústias de que vão procurando fugir, ao mesmo tempo que as legenda e liga com os aspectos essenciais das suas vidas.

Psicoterapia, Terapeuta e Teoria. Pedro Martins Psicoterapauta - Psicoterapia

Psicoterapia, Psicoterapeuta e Teoria

O entendimento corrente do provérbio “Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo por toda a vida”(Lao Tsé), não é muito diferente daquele que muitos psicoterapeutas fazem. Alguns pacientes precisam que lhes seja dado o peixe, precisam ser alimentados, ali, naquele momento. Refugiando-se na teoria/técnica, o terapeuta foca-se no “ensinar a pescar” e deixa para segundo plano o que é prioritário, vital, cuidar do paciente, procurando saciar a sua fome.

Ao contrário dos bebés, a maioria dos pacientes não revelam que têm fome. Por vezes escondem. Ficam calados. Na melhor das hipóteses pedem que os ensinem a pescar. Outros, nem se apercebem que têm fome, ou, de tanta fome, perderam a vontade de comer. Para alguém que viveu a experiência de não ter recebido o alimento afectivo de que necessitava, pedir, está, praticamente, fora de questão. Se não (nos) oferecemos podemos estar a alimentar a fome.

Como uma mãe atenta, o psicoterapeuta deve colocar-se num posição materna e através do seu sentir tentar compreender o que o paciente precisa naquele momento. Quando o terapeuta não reconhece as necessidades do paciente, dá-se um desencontro. Mais um.

O movimento de aproximação ao Outro, ao encontro das suas necessidades afectivas, permite o estabelecimento de uma relação – nutritiva – profunda. Através do afecto nutriente saciam-se as “fomes” , tantas vezes sinónimo de tristeza, frustração, insegurança e ansiedade.

Retomado o crescimento (suspenso), é possível ver além do horizonte limitado por medos e dificuldades que se sobrepõem umas às outras. A esperança no Outro renova-se, e com ela, a possibilidade de criação de um novo sentido.

Diagnósticos como Destino. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Diagnósticos como Destino

Quando João me procurou já tinha perdido a conta ao número de psicólogos e psiquiatras (e diagnósticos) que tinha consultado.

Resolveu vir conversar comigo mais por pressão da família do que por sentir que eu o poderia ajudar.

Apresentava muitos sinais de cansaço.

Chega a uma altura em que é difícil continuar na busca de soluções; faltam as forças e desistir parece fazer mais sentido que continuar.

Como paciente “profissional” que era, apresentava no seu curriculum uma lista enorme de diagnósticos.

Alguns, diga-se de passagem, bem caricatos. Desse leque “incorporou” aqueles que de alguma forma eram mais congruentes e se adequavam à forma como se sentia.

Conhecia os sintomas e reconhecia-os em si. Conhecedor profundo do mundo “psi” (diagnósticos, sintomas e medicamentos), pouco ou nada sabia sobre si.

Fiquei a ouvi-lo atentamente enquanto desfiava a sua história pela enésima vez.

À medida que João ia falando senti que aquela não era bem a sua história, mas uma história que lhe tinha sido contada sobre ele próprio – em forma de diagnóstico.

Impossibilitado de ser aceite na sua plenitude foi cortando, aqui e acolá, partes de si – da sua história -, e acrescentando as que lhe eram apresentadas.

Como paciente “profissional” que era, apresentava no seu curriculum uma lista enorme de diagnósticos.

A partir desse momento ficou impedido de escrever a sua história, ficando a vida em “Pause”.

Sem o saber, João sabia que aquela não era a sua história, mas estava amarrado a ela e não podia desprender-se do que tinham traçado sobre ele – uma espécie de destino.

Sem possibilidade de romper seguia o guião que escreviam para ele.

Ainda assim, havia um resquício de esperança. A busca continuava.

Não tinha desistido, mas o tempo passava e as dúvidas eram cada vez mais: “talvez esta seja mesmo a minha história e nada mais. Talvez nem exista história, somente um tempo em contagem decrescente”.

Às vezes, papel e caneta, tempo e espaço, disponibilidade e amor, é quanto baste para reescrever a história. “Play”.

Hiperatividade Ó tempo volta pra trás. Já. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Hiperatividade: Ó Tempo Volta Pra Trás. Já!

“Foi-se o tempo em que (…) bastava “apenas um olhar do pai” para que as crianças se reposicionassem no seu lugar de filho.

Nesse outro tempo” tínhamos a impressão que tudo tinha o seu “lugar”.

Nessa época não se ouvia falar em hiperatividade.

As crianças eram definidas como seres mal-educados que precisavam de uma educação rígida e rigorosa para se tornarem adultos civilizados.

(…) a religião e a tradição asseguravam o lugar do pai na família. (…) a autoridade do pai era sustentada não apenas pela mãe dentro de casa, mas, na esfera pública e politica, através da religião e dos costumes.

Nesse mesmo lastro residia a autoridade do professor e dos adultos em geral.

Esse cenário começou a mudar a partir de um longo processo de transformações históricas e sociais que assolapou a tradição e a religião enquanto organizadores da família e da sociedade.

A valorização da criança produzida pelo capitalismo, em que a mesma passou a sustentar a promessa de fabricação do adulto de futuro, produziu não apenas a valorização da mulher como mãe, mas, instituiu uma preocupação do estado em limitar e regular cada vez mais os poderes do pai, visando proteger a mulher e os filhos da sua arbitrariedade.

Nessa época não se ouvia falar em hiperatividade, as crianças eram definidas como seres mal-educados.

O filho tornou-se propriedade privada da mulher-mãe.

Ao pai, restou um colchão ao lado da cama do casal, agora ocupado pela mãe e pelo filho.

Quando ele intervém, é logo interpelado pela sua mulher com um “cala a boca, você não sabe nada”.

O homem-pai viu-se reduzido a uma criança que não sabe nada, nem sobre a vida doméstica nem sobre os filhos.

Ela briga com ele como briga com uma criança: “não faça isso! Faça aquilo. Você não sabe de nada!”

Diante dessa mãe omnipotente, o homem viu-se reduzido a uma criança impotente.

Pois bem, se na família patriarcal a autoridade era atribuída ao pai, na família moderna a mãe passou a ocupar esse lugar.

Diante da crise de referências instituída a partir da queda da tradição, o pai, não sabendo qual seu lugar, viu-se reduzido a uma condição infantil, ora toma a mãe como modelo de relação com os filhos, funcionando como uma “segunda mãe”, ora se identifica com a criança, demandando à mãe mais cuidados do que deveria.

Como consequência dessa crise de referências, temos encontrado um cenário muito assustador:

– Crianças que dormem com os pais, ainda usam fraldas apesar da idade, têm dentes mas ainda tomam mamadeira.

São grandes em peso e altura, mas vivem no colo dos pais.

Além de medicar, talvez os médicos pudessem dizer: ”Seu filho precisa limites!!!”.

As crianças não conhecem a frustração.

Privadas da intervenção educativa, pouco a pouco vão-se tornando pequenos monstros assustadores e demandantes: querem “tudo” e ao mesmo tempo “nada”.

As crianças tornaram-se pequenos tiranos e os pais escravos da tirania dos filhos.

Quando essas crianças chegam à escola (…) não conseguem concentrar-se e não aprendem.

Ao não reconhecer a desorganização da criança como proveniente da sua própria renúncia, os pais recorrem a um “outro-especialista” buscando uma resposta sobre o que se passa com o seu filho.

Este por sua vez, capturado numa formação organicista pautada no modelo biomédico – modelo que reduz todo e qualquer problemática humana a um defeito no funcionamento biológico – vê-se obrigado a diagnosticar a má educação da criança como hiperactividade.

Impotentes face à demanda dos pais e das escolas, os médicos medicam.

Aliás, o que poderiam fazer além de medicar? (…) Talvez os médicos pudessem dizer: ”Seu filho precisa limites!!!”.

Mas certamente seriam considerados maus médicos. Pois, ao denunciar a necessidade de limites, denunciariam as renúncias educativas dos pais!

Não sabendo o que fazer com os pequenos tiranos, solicitam à ciência e à medicina algum limite, mesmo que seja químico!

Como sabemos, um adulto precisa aprender a viver e a ter horários para dormir, assim como o adolescente precisa aprender modos de relacionamento com o outro para transar.

Por isso fica a pergunta:

Será que uma criança poderia prescindir dos adultos para se tornar civilizada?

Ou de facto acreditam que uma dose diária da “droga” seria suficiente para educá-la?

Transcrição parcial (adaptada) do artigo: A fabricação da loucura na infância, Michele Kamers

Um entristecido adeus à infância. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Um Entristecido Adeus à Infância

Crescer é abdicar dos sonhos de infância e aceitar o nosso passado com todas as imperfeições que possa ter tido. É viver entre um entristecido adeus à infância – ou seja, a si mesmo e aos objectos do passado – e à superação gradual, ansiosa e esperançada, de muitas barreiras até à entrada no desconhecido mundo da vida adulta.

 

Na adolescência dá-se um corte com as ligações da infância e com a dependência dos pais.

 

O jovem estabelece novos vínculos e adquire capacidade para novas experiências afectivas e sexuais. Desidealiza as figuras parentais e procura novos modelos exteriores.

Na adolescência – onde se vivenciam estados afectivos de luto e paixão – dá-se um corte com as ligações da infância e com a dependência dos pais.

Para além da mudança de objecto de amor, há também mudança de objectivos.

Os interesses deixam de ser quase exclusivamente narcísicos (característicos da infância) para passarem a ser sociais.

O desejo de parar o tempo, a mudança, pode ser considerada uma excepção, que se deve, essencialmente, a uma incapacidade de enfrentar o novo.

No desenvolvimento normal, em contraposição à tendência de manutenção do estado original de fusão, há um impulso à diferenciação e individuação que visa a aquisição e estabelecimento da identidade.

Impossibilitado da fazer a “passagem”, o jovem em desenvolvimento fica amarrado às coisas conhecidas e controláveis (próprias do universo infantil) que produzem um sentimento de segurança.

 

No desenvolvimento normal prevalece a expectativa de uma independência com realizações pessoais e prazeres por satisfazer.

 

Aqueles que não podem desfrutar das coisas transitórias da vida (como acontece na evolução), perder umas para se ganhar outras, são os que na sua história pessoal sentiram as mudanças de forma catastrófica, ao ponto de predominarem os sentimentos de angústia e vivências de perda.

Perante o choque entre forças progressivas e regressivas prevalece a expectativa de uma independência com realizações pessoais e prazeres por satisfazer ao abrigo de uma genitalidade crescente e desejante como impulso para a independência e liberdade.

O desejo que a criança tem de ocupar o lugar do adulto (o lugar entre os adultos) pode finalmente ser realizado, elaborando os sentimentos de perda e deixando-se capturar e fascinar pelos encantos do novo.

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Obesidade Infantil

Uma atitude de superprotecção das crianças pode conduzir à ansiedade e, consequentemente, à obesidade pelo consumo de alimentos como procura de segurança, segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Os resultados preliminares de um estudo desenvolvido por investigadores da FMUP indicam que as crianças, “sobretudo as meninas”, que sejam educadas por pais superprotectores e “demasiado zelosos, podem ser mais propensas ao desenvolvimento da obesidade”.

De acordo com os investigadores, a atitude superprotectora dos pais leva a que as crianças tenham a imagem de um “mundo ameaçador”, sentindo ansiedade e tendo, consequentemente, “um aumento de cortisol, a hormona do stress”.

Os casos, classificados como “vinculação insegura” pelos especialistas, poderão ter “efeitos menos positivos” no desenvolvimento das crianças, levando-as a uma procura de segurança através de “conforto em actos básicos”, como a comida ou o bem-estar emocional junto de alguém.

Uma atitude de superprotecção das crianças pode conduzir à ansiedade e, consequentemente, à obesidade pelo consumo de alimentos como procura de segurança

“Os dados sugerem que, quando existe vinculação insegura, os rapazes tendem a exteriorizar o comportamento, tornando-se agressivos, por exemplo, mas as meninas parecem internalizar as emoções, comendo”, explicou Inês Pinto, estudante do programa Doutoral em Metabolismo da FMUP e investigadora principal do estudo.

A investigadora adiantou que os níveis elevados de stress sentidos pelas meninas leva a que não consigam ter sucesso quando sujeitas a dietas, visto que a comida é “a forma de obterem uma sensação de conforto e segurança”.

De acordo com a investigadora, os pais devem procurar ajuda para as meninas que tenham excesso de peso e uma personalidade introvertida, especialmente nos casos em que a alteração da dieta não surte qualquer efeito, mencionando ainda que os profissionais envolvidos terão que estar alerta para um possível “sofrimento não visível, que tem de ser observado por um especialista em saúde mental”.

O estudo foi orientado pelo director do Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental da FMUP, Rui Coelho, e por Conceição Calhau, professora e investigadora na área do Metabolismo.

Tristeza ou Depressão. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Tristeza ou Depressão

Onde havia sentimentos hoje há sintomas. Onde havia tristeza hoje há depressão. Onde havia uma reacção “normal” (egossintónica) hoje há patologia.

Ao abolir-se a reacção “normal” perante vivências inevitáveis da nossa vida, como por exemplo, a tristeza pela morte de alguém, transformando-a em sintoma, estamos a amputar a experiência humana e a enriquecer as estatísticas.

O ser humano, cada vez mais alfanumérico e menos ser-humano, trilha caminhos que o conduzirão à loucura, quando, paradoxalmente, foge dela. A coragem, humilde e primária da procura, deu lugar à arrogância do pseudo-conhecimento.

Este falso conhecimento assente em construções delirantes sobre o próprio e sobre o outro, mais não é que uma autofagia. Distorcendo a realidade, somos isto e somos aquilo, até deixarmos, simplesmente, de ser.

O Furto na Infância

O furto infantil consiste na apropriação de objectos por parte da criança que simbolicamente representam uma compensação, na sua essência inconsciente, de uma frustração afectiva.

O objecto que a criança furta, independentemente do valor material, tem valor simbólico e não utilitário, na medida em que ele não é usado para resolver nenhum problema prático.

Muitas vezes, o produto do furto é distribuído pelo grupo de amigos, ganhando dessa forma a sua admiração, na procura de preencher uma lacuna afectiva.

Quando a criança possui uma maior consciência do valor material dos objectos o furto de uma coisa valiosa não lhe retira valor simbólico, pois a criança sente que tem algo valioso e desejado pelo outro, sentindo-se assim, especial.

Em alguns casos, a criança procura “repor a justiça”: “Se eles têm tantos brinquedos porque eu não posso ficar com um?”

É importante que a atitude dos pais perante a situação não corresponda a um interrogatório policial transformando um acto simbólico num traço patológico.

As apropriações de pequenos objectos não têm nas crianças um carácter patológico significativo, mas à medida que a criança cresce a continuação destes actos merece uma certa atenção. Estamos, provavelmente,  perante uma criança em sofrimento que pode andar triste ou deprimida.

Saúde Mental

Um dia, a mãe do Miguel, preocupada porque o via muitas vezes triste, perguntou-lhe:

– O que é que tens, Miguel, o que se passa contigo?
– Não me apetece viver – respondeu o miúdo.
A mãe, surpreendida com aquela resposta assim tão inesperada, e ao mesmo tempo tão directa, tão verdadeira perguntou-lhe:
– Porque é que não te apetece viver?
– Porque não gosto de mim – respondeu o Miguel.

Contou-me a mãe mais tarde que às vezes, quando estava sozinha com ele e o via triste, perguntava-lhe porque ele estava triste, e o Miguel respondia-lhe, naquela sua maneira directa e verdadeira de sempre: – Já sabe o que é, é sempre pela mesma razão, não gosto de mim.

João dos Santos – O que é importante é que isso que o Miguel sente e diz, revela uma grande saúde mental da parte dele. Para nós, psicanalistas, a saúde mental não consiste num indivíduo ser sólido assim como o granito, ou rígido como uma estátua. A saúde mental consiste na pessoa ser capaz de se movimentar livremente dentro de si, e os movimentos de tristeza são tão importantes como os movimentos de alegria.

In “João dos Santos – Se não sabe porque é que pergunta?
conversas com João Sousa Monteiro.”

 

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