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Pensamento mágico. Pedro Martins Psicólogo clínico Psicoterapeuta

Pensamento Mágico

O termo pensamento mágico designa o pensamento que se apoia numa fantasia de omnipotência para criar uma realidade psíquica em que o indivíduo vivencia como “mais real” do que a realidade externa.

Quando falamos de pensamento, estamos sempre a referir-nos a pensamento e sentimento.

Este pensamento substitui a realidade externa actual por uma realidade inventada, mantendo assim a estrutura existente do mundo interno.

O pensamento mágico subverte a oportunidade de aprender a partir das experiências de vida com objetos externos reais.

O preço psicológico pago pelo indivíduo em virtude da sua crença no pensamento mágico é muito claro:

– O pensamento mágico não funciona, pois nada pode ser construído sobre ele a não ser outras camadas de construções mágicas.

O pensamento mágico tem apenas um objetivo: evitar enfrentar a verdade da própria experiência interna e externa.

O método utilizado para alcançar esse objectivo é o da criação de um estado mental em que o indivíduo acredita criar a realidade na qual ele e os outros vivem.

Nessas condições, a realidade psíquica oculta a realidade externa, a realidade não é a “da experiência, mas a do pensamento”.

Consequentemente, as surpresas emocionais e os encontros com o inesperado são, sempre que possível, recusados.

No limite, quando um indivíduo teme que a integridade do seu self esteja em perigo, pode defender-se por meio de fantasias omnipotentes que abrangem virtualmente tudo, desconectando-o da realidade externa, a tal ponto, que o seu pensamento se torna delirante e/ou alucinatório.

Nesse estado psicológico, ele torna-se incapaz de aprender a partir da própria experiência.

Na medida em que a realidade psíquica oculta a realidade externa, a capacidade do indivíduo de distinguir sonho e percepção, símbolo e simbolizado vai-se degradando progressivamente.

 

Ao substituir a realidade de facto por uma realidade inventada dilui-se a diferença entre realidades interna e externa.

 

Daí resulta que a própria consciência (consciência de si) seja comprometida ou perdida, o que, no quadro psicoterapêutico, leva a uma situação em que o paciente trata os seus pensamentos e sentimentos não como experiências subjectivas, mas como factos.

O pensamento mágico está por trás de muitas defesas psicológicas. A mania e a hipomania refletem a hegemonia de um conjunto de fantasias omnipotentes:

– Apoiado em defesas maníacas, o indivíduo sente que tem controlo absoluto sobre o objeto/outro que lhe falta, portanto, não o perdeu, mas rejeitou-o; não lastima, mas, antes, celebra a perda do objeto/outro porque está melhor sem ele.

Além do mais, essa perda deixa de ser uma perda, pois o objeto/outro não tem valor e é desprezível.

Os sentimentos associados a essas fantasias omnipotentes são muito bem resumidos por M. Klein (1935/1968), como sentimentos de controlo, desprezo e triunfo.

Todas as qualidades do pensamento mágico que acabámos de ver refletem o uso da fantasia de omnipotência para criar a ilusão – e, às vezes, o delírio – de que não se está sujeito às leis que se aplicam aos outros, o que inclui as leis da natureza, a inexorabilidade do tempo, o papel do acaso, a irreversibilidade da morte etc.

O pensamento mágico é muito conveniente – basta dizer algo para não ter de enfrentar a verdade do que ocorreu, e muito menos tomar qualquer atitude.

Contudo, por mais vantajoso que seja, há uma desvantagem primária: não “funciona” – nada pode ser construído sobre ou com ele, a não ser outras camadas de construções mágicas.

Este “pensamento” não tem força no mundo real, no que existe fora da mente da pessoa.

 

O pensamento torna-se cada vez mais uma ficção – uma invenção mágica da própria mente, uma construção dissociada da realidade externa.

 

Mais do que uma forma do pensamento genuíno, constitui um ataque tanto contra o reconhecimento da realidade quanto contra o próprio pensamento – ou seja, é uma forma de anti-pensamento.

Substitui a realidade de facto por uma realidade inventada, fazendo, assim, desmoronar a diferença entre realidades interna e externa.

A crença, por exemplo, de que se pode usar uma estratégia do tipo “perdoar e esquecer” indiscriminadamente nas experiências interpessoais acaba por cegar ainda mais o indivíduo não apenas em relação à realidade da natureza do vínculo emocional que existe entre ele e os outros, mas também em relação a quem ele mesmo é.

Torna-se cada vez mais uma ficção – uma invenção mágica da própria mente, uma construção dissociada da realidade externa.

Nada, nem ninguém pode ser construído sobre ou com um pensamento mágico porque à “realidade” criada de modo omnipotente falta a alteridade absoluta e imutável da realidade factual externa.

Ora, a experiência da alteridade da realidade externa é necessária para criar uma verdadeira experiência de si.

Sem não eu não pode haver eu. Sem um outro diferenciado, a pessoa é todo mundo e ninguém.

Uma implicação dessa compreensão do papel central do reconhecimento da alteridade no desenvolvimento do self é a ideia de que, se é muito importante que o terapeuta entenda o paciente, é igualmente importante que este seja uma pessoa diferente do paciente.

A última coisa de que qualquer paciente precisa é de uma segunda versão de si mesmo.

 

O pensamento mágico tem apenas um objetivo: evitar enfrentar a verdade da própria experiência interna e externa.

 

Uma paciente reduzida à sua omnipotência

Na entrevista inicial, para explicar porque me tinha procurado, a senhora S declarou: “Tenho um talento incrível para estragar tudo: o meu casamento, as relações com os meus filhos e a maneira como faço o meu trabalho”.

Apesar da ironia proposital da afirmação, achei que estivesse mais a gabar-se do que a admitir os seus fracassos ou a pedir ajuda. Senti que me estava a avisar que não era uma pessoa comum – “tenho um talento incrível”.

Na primeira semana de terapia ocorreu algo bastante surpreendente.

A senhora S deixou uma mensagem telefónica a avisar que os seus horários de trabalho tinham mudado e que só conseguiria chegar para a hora seguinte, ou seja, com uma hora de atraso.

A mensagem terminava assim: “se não me retornar, quer dizer que estamos combinados”.

Não tive outra opção a não ser ligar-lhe de volta.

Na minha mensagem, disse que a esperava na hora marcada, não depois.

Se não tivesse feito isso, ela teria chegado na mesma hora que o meu paciente seguinte. Se nós os três nos encontrássemos na sala de espera, teria ocorrido uma situação de intrusão.

A senhora S chegou vinte minutos atrasada à sessão cujo horário queria alterar.

Deu-me desculpas e explicações esfarrapadas.

Disse-lhe: “Acho que não acredita que lhe reservei um lugar de verdade aqui e que, portanto, sente que precisa de roubar um. Mas não penso que estas coisas possam ser roubadas”.

Eu desconfiava seriamente que a ansiedade de não ter um lugar próprio a acompanhava desde sempre, mas não lhe disse isso.

 

Mais do que uma forma do pensamento genuíno, constitui um ataque tanto contra o reconhecimento da realidade quanto contra o próprio pensamento.

 

Ela respondeu que não pensava que as coisas fossem assim tão complicadas e passou a falar-me dos acontecimentos no seu trabalho.

Disse-lhe: “Acha que não terei um lugar aqui com a senhora a não ser que eu lute para isso”. A paciente fez de conta que não ouviu nada.

Falava da própria vida de modo bastante irrefletido. A respeito da sua “juventude”, disse que tivera uma “infância perfeitamente normal” e que seus pais, universitários de sucesso, eram “perfeitamente razoáveis”. “Não posso culpá-los por tudo”.

Imaginava que a paciente estava certa, mas de um modo que ela estava longe de suspeitar.

Isto é, ela fora uma criança “perfeitamente” comportada – obediente e receosa das suas emoções -, e os seus pais foram “perfeitamente razoáveis”, no sentido de que eram pouco dados a receber ou a exprimir sentimentos. Essa inferência foi confirmada com o tempo nos relatos da paciente sobre a sua própria infância.

Os esforços da senhora S para me controlar e roubar, a mim e aos meus outros pacientes, estavam estreitamente ligados à sua crença de que eu tinha as respostas para os seus problemas – a incapacidade de ser mãe, esposa, amiga ou uma pessoa produtiva profissionalmente.

A minha “teimosia” em não lhe dar soluções para os problemas desnorteava-a tanto quanto a enfurecia.

Com o tempo, comecei a perceber que, desde o início da terapia, um aspecto estava a tornar-se cada vez menos disfarçado e mais provocatório na minha relação com a paciente.

Deturpava regularmente sentimentos e comportamentos assim como acontecimentos que ocorriam dentro ou fora do consultório.

Isso era mais visível quando distorcia alguma coisa que ela ou eu tínhamos dito durante a sessão em curso ou numa sessão recente.

 

No limite, quando um indivíduo teme que a integridade do seu self esteja em perigo, pode defender-se por meio de fantasias omnipotentes.

 

Depois de quase dois anos sentindo-me controlado desse modo, disse: “Penso que, apresentando a mim e a si todas estas histórias que sabe serem falsas ou enganadoramente incompletas, garante que tudo o que eu diga ou pense não tenha interesse ou valor para si. A realidade é apenas uma história que cria e recria como quer. Não há eu real ou você real que esteja fora do seu controle. Como pode criar qualquer realidade que lhe sirva, não precisa fazer realmente seja o que for para realizar as mudanças na sua vida que disse querer fazer”.

Enquanto dizia isso à senhora S, sentia-me zangado por ela estar a assolapar o trabalho terapêutico e a mim.

Também tinha consciência de que, ao salientar que não aprovava o modo como ela fazia o seu percurso, eu a forçaria, provavelmente, a entrar num estado ainda mais defensivo, o que, de facto, aconteceu.

Entretanto, não foi a minha zanga o que mais me perturbou nessa ocorrência, mas o facto de falar-lhe de um modo repreensivo, o que sentia como algo alheio a mim.

Numa sessão posterior fiquei subitamente ansioso, parecia não saber onde estava, quem estava comigo, o que estava a fazer. Senti-me desnorteado.

Levei uns segundos para deduzir onde estava, o que eu estava ali a fazer – ou seja, quem eu era. Minutos depois, esse pensamento dedutivo foi seguido de um sentido mais sólido de mim mesmo como pessoa e terapeuta da senhora S.

Com o tempo, essa experiência inquietante levou-me a tomar consciência do meu próprio medo de me perder na experiência psicológica e interpessoal em que a senhora S reinventava continuamente não apenas a realidade, mas também a ela mesma e a mim.

 

A realidade psíquica oculta a realidade externa. A realidade não é a “da experiência, mas a do pensamento”.

 

Pareceu-me que ela estava a mostrar o que não me conseguia dizer – ou dizer a si própria – ou seja, qual era a sensação de se inventar e reinventar e de ser inventada e reinventada por outra pessoa.

Isto fez-me lembrar a exigência dos pais da senhora S, bem como os próprios esforços para ser “uma criança perfeita”, que não exige nada emocionalmente dos pais, ou seja, uma criança que não é uma criança.

Disse à senhora S: “Creio que as suas distorções da realidade e particularmente as invenções a seu e a meu respeito são esforços para me mostrar o que não me consegue transmitir em palavras. Parece-me que, em criança, você sentiu que era a invenção da mente de outra pessoa e que continua a sentir-se assim. Acredito que tem tido medo de dizer a verdade a mim ou a si mesma porque isso ameaçaria o pouco de si mesma que sente como real. Dizer-me a verdade seria como abrir-se para que eu pudesse apossar-me o que sente ser e haver de mais real dentro de si e o substituísse com a minha própria versão de si”.

A senhora S não descartou com uma tirada sarcástica ou rejeição desdenhosa como costumava fazer. Antes, ficou quieta durante os poucos minutos que faltavam para o fim da sessão.

Na sessão do dia seguinte, a senhora S contou-me um sonho: “Estava a jogar ténis – na realidade não sei jogar ténis – e a bola rolou até um canto bem longe do complexo de campos onde estávamos a jogar. Naquele canto havia um recipiente cheio de bolas novinhas, mas não tinha maneira de levar mais do que uma ou duas. Não me consigo lembrar o que ocorreu depois. De manhã, quando acordei, sentia-me bem – nem óptima, nem péssima”.

 

O pensamento mágico subverte a oportunidade de aprender a partir das experiências de vida.

 

Eu disse-lhe: “Ao contar-me esse sonho começou a dizer a mim e a si mesma que, no sonho, estava a jogar ténis, mas que na realidade não sabe jogar. Pareceu-lhe importante que ambos saibamos o que é real e o que não é. A bola rolou até um canto afastado onde havia um recipiente cheio de bolas novas – parecia um tesouro atraente, mas só podia levar uma ou duas. No entanto, as bolas de ténis que você tinha já bastavam. Quando acordou, não se sentiu como quem perdeu um tesouro, nem como uma ladra, como costumava ocorrer antes. Você sentiu-se bem”.

Ela respondeu: “É verdade, não me importei mesmo por não poder levar as bolas todas. Não queria, não precisava delas. Encontrar as bolas não foi como descobrir um tesouro, apenas me pareceu estranho. Quando era pequena, ainda no colégio… numa loja roubei coisas que não precisava; assim que saí deitei-as fora. Sinto nojo quando me lembro disso. Mesmo sem precisar daquelas coisas, não consegui resistir”.

Durante o ano seguinte a essa sessão, a senhora S inventou muito menos a própria realidade. Às vezes, quando começava a distorcê-la, parava e dizia:

“Não adianta eu continuar a falar porque eu estou a deixar de lado uma parte importante do que aconteceu por vergonha de lhe contar”.

Nos trechos que comentei, a paciente estava profundamente arraigada no pensamento mágico que a levava a um esforço de inventar (e destruir) realidades dela mesma e as minhas.

Para ela, a alternativa de inventar realidade não era apenas uma experiência de desamparo, mas um sentimento de perda de si mesma, um sentimento de que estava a ser roubada por alguém.

 

Trata-se de um pensamento que se apoia numa fantasia de omnipotência para criar uma realidade psíquica em que o indivíduo vivencia como “mais real” do que a realidade externa.

 

As distorções da realidade da paciente – a criação mágica da própria realidade – irritaram-me, uma vez que contribuíam para o que parecia um roubo da significação do diálogo terapêutico e um roubo do meu sentido de self.

No início, eu disse à paciente que o seu pensamento mágico era excessivamente acusador e, consequentemente, inútil para ela.

Contudo, útil para mim, uma vez que me alertou para o facto de que ela não me reconhecia na maneira como lhe tinha falado.

O facto de falar com a senhora S sobre o que acreditava ser os seus sentimentos de perder-se nas suas infinitas reinvenções da realidade ofereceu-nos um contexto emocional – modo continente de pensar – que permitiu a ela e a mim sonhar com uma experiência de ela ser ela mesma no mundo sem necessidade de magia.

Tanto no sonho como nas conversas comigo sobre as bolas de ténis, a paciente foi capaz de se aceitar tal como era. A realidade não era uma ameaça; serviu de alteridade fundadora.

A minha alteridade e a da realidade externa tornaram-se imediatamente mais presentes quando lhe “recontei” o sonho com as bolas de ténis de maneira diferente da dela.

Ao ouvir-me contar o sonho, acredito, a senhora S viu algo como ela mesma – ela mesma a uma distância considerável – no “meu sonho”.

Serviu-se da realidade externa – da alteridade – da minha versão do sonho, como revelou ao corrigir tranquilamente a minha versão quando não se reconhecia nele.

Por exemplo, disse que encontrar todas essas bolas de ténis “não era como descobrir um tesouro”; antes achou “estranho” – isto é, alheio à pessoa que ela estava a tornar-se.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins a partir de “On three ways of thought: magical thinking, dream-like thinking and transformative thinking – Thomas H. Ogden

reprimido

A Repressão e o Reprimido

A Repressão e o Reprimido

Num sentido lato, a repressão é designada como a operação psíquica tendente a fazer desaparecer da consciência um conteúdo (ideia, afecto, etc.) desagradável ou inoportuno. Nesse sentido o recalcamento seria uma modalidade especial de repressão.

No sentido mais frequente, a repressão, opõe-se, sobretudo, do ponto de vista tópico ao recalcamento, quer pelo carácter consciente da operação, quer pelo facto do conteúdo reprimido se tornar simplesmente pré-consciente e não inconsciente.

Segundo Laplanche & Pontalis, a repressão seria um mecanismo consciente actuando ao nível da “segunda censura”, que Freud situa entre o consciente e o pré-consciente; tratar-se-ia de uma exclusão para fora da consciência actual, e não da passagem de um sistema (pré-consciente-consciente) para outro (inconsciente).

Do ponto de vista dinâmico, as motivações morais desempenham um papel determinante na repressão.

freudian slip

Freudian Slip /Acto Falhado

Freudian Slip / Acto falhado ou falho

Acto em que o resultado explicitamente visado não é atingido, antes se acha substituído por outro.

Fala-se de actos falhados/Freudian Slip não para designar o conjunto das falhas da palavra, da memória e da acção, mas para os comportamentos em que o indivíduo é habitualmente capaz de obter êxito, e cujo fracasso é tentado a atribuir apenas à sua falta de atenção ou ao acaso.

Freud demonstrou que os actos falhados eram, tal como os sintomas, formações de compromisso entre a intenção consciente do indivíduo e o recalcado.

 

Vocabulário da Psicanálise – J. Laplanche & J.B. Pontalis

relações Psicanálise e Psicoterapia Relacional – continuação Pedro Martins Psicoterapeuta Psicoterapia

Psicanálise e Psicoterapia Relacional – continuação

O termo Psicanálise Relacional foi introduzido em 1983 por Stephen Mitchell e Jay Greenberg no livro Relational Concepts in Pshychoanalysis. Ele desenvolveu-se a partir da convergência de diversas correntes importantes na teoria psicanalítica que se afastaram muito do modelo pulsão/estrutura, no qual as pulsões têm papel central na vida psicológica.

As teorias relacionais postulam que “as relações com os outros constituem os blocos fundamentais na construção da vida mental”.

O termo relacional, tão amplo, inclui interações entre o indivíduo e o mundo social, relações interpessoais internas e externas, autorregulação e regulação mútua, formando, assim, uma ponte entre os espaços interpessoal e intrapsíquico (Lewis Aron, 1996).

O modelo relacional vê as operações da mente como sendo diádicas e interativas na sua natureza; a experiência surge num campo interativo entre pessoas, e a situação analítica é compreendida na psicanálise relacional como sendo moldada pela participação contínua do analisando e do analista, bem como pela construção mútua do significado, da autenticidade e das novas experiências relacionais.

Os antigos padrões relacionais repetem-se, mas espera-se que cada dupla analista-paciente consiga descobrir modos singulares de ir além da situação de aprisionamento ao passado, e consigam construir e negociar novas formas de estarem um com o outro. Busca-se menos a verdade objectiva e mais o significado do que eles sejam capazes de construir.

O modelo relacional reforça a ambiguidade da realidade: cada indivíduo tem seu ponto de vista plausível; todo conhecimento tem como base uma perspectiva, mas há outras perspectivas e outros centros de subjectividade além do nosso (Aron, 1996).

O primeiro e mais importante desvio que levou a teoria psicanalítica a avançar do modelo freudiano de desenvolvimento, de psicopatologia e tratamento do paciente, que era um modelo de “uma pessoa”, para um modelo de “duas pessoas”, ou relacional, foi feito por Ferenczi.

Desde muito cedo, Ferenczi chamou a atenção para o analista como pessoa real, percebida pelo paciente em matizes subtis do seu comportamento e diante das quais o paciente reage. Deste modo, a transferência do paciente não surge exclusivamente de dentro dele; ela é influenciada pelos comportamentos e pelas intervenções do analista.

Segundo Fairbairn, a motivação fundamental dos seres humanos é procurar ligações com os outros. Cada indivíduo molda os seus relacionamentos conforme padrões de relação que trazem internalizados desde os seus mais precoces relacionamentos significativos. Os modelos de ligação com os primeiros objectos tornam-se as formas preferenciais e esperados de relacionamento com novas pessoas.

Os novos objetos amorosos são escolhidos pela sua similaridade aos objetos satisfatórios ou insatisfatórios do passado, e as interações com os novos parceiros desencadeiam os antigos comportamentos esperados. As novas experiências são processadas e interpretadas conforme as antigas expectativas.

Segundo ele, os pacientes não podem abandonar as ligações aditivas aos antigos objetos, a menos que acreditem e confiem que é possível desenvolver novos modos de relacionar-se que, de facto, eles podem ser ouvidos e vistos. Definiu o progresso analítico como sendo o resultado de uma capacidade modificada de se relacionar com os outros (Mitchell e Black, 1983).

O desvio conceptual da abordagem de “uma pessoa” para a abordagem de campo de “duas pessoas” tem, naturalmente, muitas consequências na situação analítica.

O método psicanalítico clássico baseia-se na premissa de que a psicanálise oferece ao paciente um tipo peculiar de experiência, por meio do estabelecimento de uma situação analítica cuidadosamente controlada: o divã, a frequência das sessões, quatro ou cinco vezes na semana, a regra fundamental da livre associação, o analista silencioso na maior parte do tempo e encoberto pelo anonimato são fatores técnicos que possibilitam ao paciente passar por uma experiência que activa antigas recordações e padrões da infância.

O elemento central desta visão é a premissa de que as experiências do paciente em análise se originam a partir do interior do paciente e se expandem no espaço analítico cuidadosamente planejado que a técnica clássica proporciona. Essa premissa torna o modelo clássico essencialmente numa perspectiva de “uma pessoa”. O encontro analítico funciona como uma máquina do tempo, na qual o paciente retorna ao seu passado por deslocamentos temporais da transferência. A pessoa do analista não é importante, já que o seu papel funcional é o de operador da máquina do tempo. Se for competente, o analista vai proporcionar uma função genérica que dá ao paciente a capacidade de experienciar, examinar e compreender mais plenamente seu passado.

A acção terapêutica dentro do modelo relacional depende do estabelecimento de um ambiente seguro no qual cada elemento da dupla contribui com percepções singulares que têm a sua própria experiência compartilhada. À medida que os padrões relacionais do início da vida do paciente vão sendo reencenados dentro do espaço analítico, os laços afectivos patológicos que o prendem a antigos objectos vão ser realçados e mantidos em rigoroso contraste com os relacionamentos novos, e espera-se, mais adaptativos e flexíveis, que paciente e analista lutam para negociar no presente.

Por meio do processo de contrastar, integrar e apreciar os matizes de perspectivas e subjectividades alternativas, diferentes das nossas, é que o paciente e analista constroem – em conjunto – uma visão compartilhada do mundo que existe, além das paredes do self, a partir de duas perspectivas diferentes.

Referências:

Sauberman, P. R. (2009). Psicanálise relacional contemporânea da pulsão para a relação. Rev. bras. psicanál v. 43 n.1 S. Paulo

auto-imagem Psicanálise e Psicoterapia Relacional – Uma introdução Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Psicanálise e Psicoterapia Relacional – Uma introdução

A Psicanálise Relacional começa a tomar a sua forma actual durante os anos oitenta do século passado, especialmente nos EUA, quando um grupo de autores (Mitchell, Aron, Stolorow, Benjamin Bromberg) procura integrar a tradição relacional (Sullivan, Murray, Kohut) com a teoria britânica das relações de objecto (Balint, Fairbairn, Winnicott).

Trata-se de uma psicanálise anti-cartesiana porque propõe que o mundo seja entendido, principalmente, como uma constelação de relacionamentos que permitem a construção do ser humano individual. A mente não nasce com o indivíduo mas desenvolve-se na interacção humana com o meio ambiente. A criança não é apenas um produto do meio ambiente, mas interage com ele, com a sua espontaneidade e inclinações.

Para a teoria freudiana, o ser humano é motivado por impulsos sexuais e agressivos, inata e biologicamente determinados. Para a nova abordagem, no entanto, a principal motivação é a busca de relações com os outros.

As relações iniciais com os cuidadores primários moldam o nosso comportamento, a auto-imagem e a forma de satisfazer os nossos desejos e necessidades, assim, não podem ser separadas do contexto relacional.

Os padrões iniciais de relacionamento tendem a ser reproduzidos posteriormente na interacção relacional com os novos companheiros de relação.

Uma das características marcantes da psicanálise relacional está no peso dado à interpretação, ou seja, esta não é considerada o factor terapêutico fundamental.

A presença empática do terapeuta, o acompanhamento, o apoio (Winnicott – holding), são factores, no mínimo, tão importantes, como aquilo que em concreto se possa interpretar/dizer ao paciente.

Outro importante factor é redução da assimetria entre o terapeuta e o paciente, ou seja, o terapeuta não se situa numa cúpula de onde emite o seu oráculo, que o paciente deve ouvir com humildade e submissão. Aqui, o paciente nem sempre está errado quando mostra a sua discordância com algo que o terapeuta disse ou fez.

 

Traduzido e adaptado de “Defenicion del Psicoanálisis relacional”

– Psicoanálisis: principios del psicoanálisis relacional

 

Complexo de Édipo - Uma Introdução. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Complexo de Édipo – Uma introdução

Quando se fala em Complexo de Édipo a ideia que normalmente surge é: o filho quer matar o pai para ficar com a mãe.

Antes de mais, é preciso dizer que o “Complexo de Édipo” é uma metáfora criada para descrever uma quantidade de ideias, emoções e impulsos, em grande parte inconscientes, que gravitam em torno das relações que as crianças estabelecem com os seus pais. O Complexo de Édipo aponta para a angústia e culpa que a criança sente em relação aos seus desejos, assim como para as consequências de agir de acordo com eles.

Para compreendermos melhor o mito Edipiano temos que ir à origem: Rei Édipo de Sófocles.

A história de Édipo começa com a traumatização psicológica e física de uma criança por aqueles que deveriam ser os seus protectores, os pais.

Laio e Jocasta, Reis de Tebas, foram advertidos pelo oráculo que o filho deles, o bebé Édipo, estava fadado a assassinar o próprio pai. Este, depois de lhe terem trespassado os pés com uma lança, é entregue a uma pastor por Jocasta, com instruções para ser abandonado no deserto para morrer.

Édipo acaba por escapar à sua morte prematura sendo cuidado pelos reis de Corinto, Polybus e Merope, e cresce acreditando que estes são os seus verdadeiros pais.

Quando certo dia lhe é sugerido que os Reis de Corinto não eram os seus pais, Édipo fica tão consternado que vai consultar o oráculo de Delfos, e este diz-lhe, que ele matará o seu pai e casará com a sua própria mãe. Acometido com essa profecia e desejando ardentemente proteger aqueles que pensa serem os seus pais, sai de Corinto decidido a não voltar.

Entretanto numa encruzilhada tem um desentendimento e mata um homem – Laio, o seu pai.

Por fim Édipo chega a Tebas, que está nesse momento assolada pela Esfinge, que instalada num penhasco propõe enigmas a todos os que passam por perto, matando qualquer um que não desse a resposta correcta. Édipo, destroçado com tudo o que tem acontecido, e não tendo muito apreço pela vida, aceita o desafio da esfinge e consegue resolver o enigma que ela lhe apresentou. Como recompensa por ter libertado Tebas, Édipo é feito rei e casa com Jocasta.

Muitos anos depois, abate-se sobre Tebas a peste como punição do assassinato não vingado de Laio. Édipo, vai então procurar o assassino e a verdade é revelada. No fim da tragédia, Jocasta suicida-se e Édipo cega-se.

Aquilo que se entende por Complexo de Édipo tem um significado simbólico de grande riqueza referencial. Entender o Complexo de Édipo como: rapazinhos que querem matar o pai e casar com a mãe é de extrema simplificação, ou mesmo descabido. É preciso não esquecer que quando Édipo matou Laio e acabou casado com Jocasta, este não sabia que estes eram os seus verdadeiros pais. Na verdade Édipo saiu de Corinto para proteger aqueles que julgava serem os seus pais.

A Interpretação dos Sonhos. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

A Interpretação dos Sonhos

“A interpretação dos sonhos é a via régia que conduz ao conhecimento do inconsciente da vida psíquica.” S. Freud

Na “Interpretação dos Sonhos” (1900) S. Freud lança ideias inovadoras que vão permitir uma nova compreensão dos sonhos, defendendo que se trata de uma actividade psíquica organizada e com leis próprias.

O sonho é produzido pelo próprio sonhador e não provém de uma fonte exterior a ele.

Desta forma demarca-se dos métodos tradicionais de interpretar os sonhos recorrendo à decifração em função de chaves simbólicas culturais associadas a uma previsão do futuro.

A melhor metáfora para explicar de forma simplificada o facto de o sonho ter normalmente uma aparência estranha e confusa talvez seja a da “censura”.

No seu percurso de formação o sonho passa por uma censura (situada entre o inconsciente e o consciente) que determina se ele pode ou não prosseguir os seus intentos.

Para conseguir enganar a censura ele necessita de mudar a sua aparência através de um mecanismo de distorção – trabalho do sonho:

  • Processo que transforma o conteúdo latente em conteúdo manifesto).

O sonho é composto pelo conteúdo latente (pensamentos/desejos que estão ocultos e serão mais tarde descodificados/interpretados recorrendo ao método da associação livre);

e pelo conteúdo manifesto (corresponde aquilo que o indivíduo sonha e se recorda de forma mais ou menos imprecisa quando acorda) que normalmente é composto por materiais/acontecimentos recentes (restos diurnos).

“A interpretação dos sonhos é a via régia que conduz ao conhecimento do inconsciente da vida psíquica.”

O sonho manifesto, ou seja, aquilo que a censura permitiu que viesse até à superfície da consciência, foi alcançado devido a uma máscara de aparência inócua e de significado praticamente impenetrável.

Para transformar o sonho nessa coisa inocente/inofensiva/caótica/desconexa foi necessário recorrer a certas ferramentas:

 – Condensação: consiste em reunir num único elemento vários elementos; muito poderoso; torna o sonho difícil de entender

– Deslocamento: substitui os pensamentos mais significativos do sonho por pensamentos acessórios, desfocando o conteúdo importante e dissimulando a realização do desejo

– Representabilidade: transforma os pensamentos do sonho em imagens

– Elaboração secundária: consiste em apresentar o conteúdo onírico sob a forma de um cenário coerente e inteligível

– Dramatização: procedimento análogo ao do encenador que transpõe o texto escrito para a representação

É através desta acção conjunta organizada que se forma o sonho, “o guardião do sono”.

Catarse - Método Catártico. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Catarse – Método Catártico

Catarse – Método Catártico – Método de Psicoterapia em que o efeito terapêutico procurado é um “purgação” (catharsis), uma descarga adequada dos afectos patogénicos.

O tratamento permite ao indivíduo evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que esses afectos estão ligados, e ab-reagi-los.

Historicamente, o “método catártico” pertence ao período (1880-1895) em que a terapêutica psicanalítica se define progressivamente a partir de tratamentos operados em estado hipnótico.

O termo catharsis é uma palavra grega que significa purificação, purgação.

Foi utilizado por Aristóteles para designar o efeito produzido no espectador pela tragédia:

“A tragédia é a imitação de uma acção virtuosa e realizada que, por meio do temor  e da piedade, suscita purificação de certas paixões.”

Breuer e depois Freud retomaram este termo, que exprime para eles o efeito esperado de uma ab-reacção adequada do traumatismo.

Sabe-se efectivamente que, segundo a teoria desenvolvida nos Estudos sobre a Histeria (1895), os afectos que não conseguiram encontrar o caminho para a descarga ficam “coarctados”, exercendo então efeitos patogénicos.

Resumindo mais tarde a teoria da catarse, escreve Freud:

“Supunha-se que o sintoma histérico tinha origem quando a energia de um processo psíquico não podia chegar à elaboração consciente e era dirigida para a enervação corporal (conversão) […].

A cura era obtida pela libertação do afecto desviado, e a sua descarga por vias normais (ab-reacção).

A catarse nem por isso deixa de ser uma das dimensões de toda a psicoterapia analítica. […]

Do mesmo modo, a perlaboração, a simbolização pela linguagem, estavam já pré-figuradas no valor catártico que Breuer e Freud reconheciam à expressão verbal:

“É na linguagem que o homem encontra um substituto para o acto, substituto graças ao qual o afecto pode ser ab-reagido quase da mesma maneira…”

Vocabulário da Psicanálise – J. Laplanche & J.B. Pontalis

Compulsão à Repetição. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Compulsão à Repetição

A compulsão a repetir não é propriamente um “automatismo” (isto é, forma de repetição condicionada pelo hábito), mas a busca de uma satisfação que ficou em suspenso, representando a persistência de um desejo não realizado.

Ao nível da psicopatologia concreta, [a compulsão à repetição é um] processo incoercível e de origem inconsciente.

No qual o indivíduo se coloca activamente em situações penosas, repetindo assim experiências antigas sem se recordar do protótipo e tendo pelo contrário a impressão muito viva de que se trata de algo de plenamente motivado na actualidade.

É de toda a evidência que a psicanálise viu-se confrontada desde a origem com fenómenos de repetição.

Se encararmos nomeadamente os sintomas, por um lado alguns deles são manifestamente repetitivos (rituais obsessivos, por exemplo), e, por outro, o que define o sintoma em psicanálise é precisamente o facto de reproduzir, de maneira mais ou menos disfarçada, certos elementos de um conflito passado.

De um modo geral, o recalcado procurar “retornar” ao presente, sobre a forma de sonhos, de sintomas, do agir: “o que permaneceu incompreendido retorna; como uma alma penada, não tem repouso até encontrar resolução e libertação”

A compulsão à repetição é a busca de uma satisfação que ficou em suspenso.

Trata-se de uma reacção em face da não-aceitação do insucesso.

Sendo tanto mais fácil de organizar-se como fenómeno “compulsivo” (que se impõe no agir) – e por vezes obsessivo (que se impõe no pensar) e “o de repetição” – quanto menor for a tolerância à frustração ou, o que vem dar ao mesmo, maior a dependência do objecto e a necessidade de materializar o fantasma.

A “compulsão a repetir” é, assim, a sequência do que chamamos o vazio traumático:

– a necessidade imperiosa e reiterada de preencher uma lacuna na execução do plano (do fantasma de antecipação do prazer); lacuna que foi sentida como traumatismo.

A compulsão a repetir está ligada à não-aceitação da realidade frustrante, da inevitabilidade da perda; logo uma incapacidade de fazer o trabalho de luto.

Donald Winnicott

Winnicott era filho de Elizabeth Martha (Woods) Winnicott e do Sr. John Frederick Winnicott, um comerciante que se tornou cavaleiro em 1924 após servir duas vezes como prefeito de Plymouth.

A família era próspera e aparentemente feliz, mas atrás desse verniz, Winnicott se viu como oprimido por uma mãe com tendências depressivas como também por duas irmãs e uma babá. Foi a influência do seu pai, que era um livre-pensador e empreendedor que o encorajou em sua criatividade. Winnicott se descreveu como um adolescente perturbado, reagindo contra a própria auto-repressão que adquirindo sua capacidade de cuidar ao tentar suavizar os sombrios humores de sua mãe. Estas sementes de autoconsciência se tornaram a base do interesse dele trabalhando com pessoas jovens e problemáticas.

Decidindo se tornar um médico, ele começou a estudar medicina em Cambridge mas interrompeu seus estudos para servir como cirurgião aprendiz – residente em um navio (destroyer) britânico, o HMS Lúcifer, durante a Primeira Guerra Mundial. Ele completou sua formação em medicina em 1920 e em 1923, no mesmo ano do seu primeiro casamento com Alice Taylor, foi contratado como médico no Paddington Green Children’s Hospital em Londres. Foi também em 1923, que Winnicott iniciou sua análise pessoal com James Strachey (1887 – 1967), o tradutor das obras de Sigmund Freud para o inglês.

Em 1927 Winnicott foi aceito como iniciante na Sociedade Britânica de Psicanálise, qualificado como analista em 1934 e como analista de crianças em 1935. Ele ainda estava trabalhando no hospital infantil e posteriormente comentou que… ”naquele momento nenhum outro analista era também um pediatra, assim durante duas ou três décadas eu fui fenômeno isolado…” O tratamento de crianças mentalmente transtornadas e das suas mães lhe deu a experiência com a qual ele construiria a maioria das suas originais teorias. E o curto período de tempo que ele poderia dedicar-se a cada caso o conduziu ao desenvolvimento das suas “inter – consultas terapêuticas.” outra inovação da prática clínica que introduziu.

Durante os anos de guerra trabalhou como consultor psiquiátrico de crianças seriamente transtornadas que tinham sido evacuadas de Londres e outras cidades grandes, e separado de suas famílias. Ele continuou trabalhando ao Paddington Green Children’s Hospital nos anos 1960.

Passada a guerra, Winnicott tornou-se um médico contratado do Departamento Infantil do Instituto de Psicanálise, onde trabalhou durante 25 anos. Foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise por duas gestões, membro da UNESCO e do grupo de experts da OMS. Atuou como professor no Instituto de Educação e na London School of Economics, da Universidade de Londres. Dissertou e escreveu amplamente como atividade profissional independente.

Via Wikipedia

 

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