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anorexia-nervosa. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Anorexia Nervosa

 História

O conhecimento da anorexia nervosa remonta às referências encontradas em Hipócrates, Galeno, e sobre Teresa de Ávila e as suas práticas com a rama de oliveira para induzir o vómito.

A história da Anorexia Nervosa começa na Europa Medieval com os casos de Anorexia Mística, sendo paradigmático, o de Santa Catarina de Siena.

As opiniões dividem-se entre os que pensam que a anorexia mística não é a mesma doença que actualmente é designada por anorexia mental (Caroline Bynum) e aqueles que encontram muitas semelhanças entre ambas (Rudolph Bell).

Apesar das reconhecidas diferenças a anorexia antiga pode ser melhor compreendida à luz da anorexia moderna.

A partir do Sec. XVII e XVIII a curiosidade científica de alguns médicos no estudo das “Mulheres Santas” que nada ingeriam, fizeram com que dessem ao fenómeno o nome de “Inedia Prodigiosa” e “Anorexia Mirabilis”.

Mas os primeiros olhares verdadeiramente científicos ocorrem em 1668 por Thomas Hobbes, ao observar uma jovem que não comia há 6 meses e à qual não atribuiu nenhum milagre mas considerou tratar-se de uma doença.

No seguimento, aparecem os nomes de Cotton Mathes (1633-1728), Erasmus Darwin (1731-1802) e Allrecht Von Halla (1708-1777).

Na história da anorexia nervosa há 2 descrições científicas que servem de marco.

Uma é a de Morton no Sec. XVII e a outra a de Lasègue e Gull no final do Sec. XIX. Já no Sec. XX a doença era atribuída ao mau funcionamento da hipófise fazendo com que fosse estabelecida uma confusão com a “doença de Sheehan” ou “doença de Simmonds”, e foi desta forma compreendida até à definição actual.

No entanto, aquela que é considerada a 1ª descrição de carácter científico duma situação idêntica à Anorexia Nervosa foi feita em 1698 num tratado de Tisiologia pelo médico Inglês Morton.

Louis-Victor Marcé (1859), descreveu pela primeira vez a anorexia mental.

Mas é a Gull e a Lasègue (1868), que são atribuídas as definições modernas de Anorexia Mental. Gull, em 1873 apresenta 3 casos clínicos de uma doença que intitulou de “Anorexia Histérica”.

Mais tarde publicou os três casos num artigo intitulado “Anorexia Nervosa”. A sua correcção no nome da doença deveu-se a facto de ter encontrado a mesma patologia num homem.

Nesse mesmo ano Lasègue, (fica-lhe a honra de ser considerado o primeiro) pertencente ao círculo de Charcot, publica um artigo sobre a “Anorexia Histérica”.

Louis-Victor Marcé (1859), descreveu pela primeira vez a anorexia mental.

Foi no entanto em 1873 por Lasègue e em 1874 por Gull que fica definida como um síndroma.

Gull o criador do termo anorexia nervosa que é utilizado nos países de língua inglesa, Alemanha e Rússia.

Laségue designou a patologia como sendo inicialmente anorexia histérica e depois anorexia mental, termo usado em França e Itália.

In : “CONTRIBUTO À COMPREENSÃO DA ANOREXIA MENTAL FEMININA A PARTIR DO PROCESSO DE SEPARAÇÃO-INDIVIDUAÇÃO”
Pedro Martins
anorexia distorção imagem corporal

Anorexia Nervosa – Caracterização

Caracterização da anorexia nervosa

A anorexia nervosa é caracterizada por uma atitude rígida, obsessiva e distorcida face ao peso, alimentação e gordura corporal.

Normalmente tem início na puberdade e na adolescência e é causa de morbilidade e mortalidade.

A tríade sintomática associada à anorexia mental é o emagrecimento, a anorexia (perda ou diminuição acentuada do apetite) e a amenorreia.

Os primeiros sinais da doença podem resultar de uma experiência de separação física ou psicológica da mãe.

Por exemplo, passar para uma escola mais distante, umas férias longe dos pais, ou começar a namorar/interessar-se por alguém e ser rejeitada.

O percurso da anoréxica na doença começa por norma com uma dieta auto-imposta (só 25% das anoréxicas que começam a fazer dieta tem excesso de peso) muito pobre onde se excluem os alimentos mais gordurosos e calóricos com o objectivo de perder 3/4 kg para diminuir certas partes do corpo e pode terminar numa mais radical ou mesmo total.

A perda inicial de peso é sentida como uma vitória, que vai trazer uma força adicional para a perseguição de um corpo cada vez mais magro.

Perder peso é sentido como um sinal de auto-controlo e de disciplina.

À medida que emagrece aumenta o medo do ganho ponderal ao ponto de não admitir que o peso fique estacionário, pois tem muito medo de ficar obesa em poucos dias.

Engordar é visto como um fracasso.

De forma inversa perder peso é sentido como um sinal de auto-controlo e de disciplina.

A anoréxica faz uma verificação diária da perda progressiva do peso.

Cada vez que o peso diminui, mesmo que apenas alguns gramas, é sentido como uma vitória na caminhada para o peso ideal.

Quando aumenta alguns gramas fica muito angustiada e em pânico.

A contagem obsessiva das calorias ingeridas e dos alimentos está sempre presente e parece contrastar com apetência para cozinhar para os familiares.

O exercício físico diário é quase obrigatório, em último caso pode resumir-se a caminhar a pé.

Os transtornos das condutas alimentares ocupam uma posição de cruzamento entre a infância e a idade adulta como ilustra a sua ocorrência electiva na adolescência, entre o psíquico e o somático, entre o individual e o social.

Este cruzamento ilustra a provável ligação entre esta patologia e os processos de mudança como por exemplo a puberdade e a autonomia.

Há uma impossibilidade de expressão através da representação psíquica que vai obrigar a recorrer a uma expressão actuada no corpo.

A anorexia nervosa pode ser considerada a expressão do bloqueio do desenvolvimento feminino.

As questões da adolescência – identidade, dependência, imagem corporal, o ideal – são as mesmas que se encontram na anorexia nervosa, a diferença está na forma como são elaboradas.

A anorexia nervosa pode ser considerada a expressão do bloqueio do desenvolvimento feminino, com fixação a uma imagem idealizada do corpo infantil, recusa do corpo sexuado, alicerçada numa relação simbiótica com a mãe e negação da feminilidade.

Se por um lado é a expressão de dificuldades e sofrimento psíquico, por outro, também representa uma tentativa de reorganização, re-adaptação e por isso, uma forma de auto-terapia.

O corpo magro é fácil de alcançar por qualquer rapariga, criando-se assim uma organização defensiva compensatória perante uma insatisfação interna.

As adolescentes com anorexia nervosa procuram uma nova oportunidade de serem compreendidas e que algumas coisas possam agora ser elaboradas, mas que ao mesmo tempo pode trazer desfechos fatais.

Não se pode anular uma situação existencial sem pôr em perigo a própria existência.

A partir do momento em que na anoréxica os processos defensivos do Eu forçam ao retraimento extremo, não muda mais nada e o sujeito agarra-se deuma forma quase delirante à ideia de imortalidade, que em casos extremos pode mesmo levar à morte.

Como manifestações fisiológicas da doença as anoréxicas apresentam:

amenorreia, enfraquecimento e queda do cabelo, lanugo, cianose das extremidades, magreza, caquexia ou emaciação, desidratação com possíveis sinais de choque, atraso no início ou interrupção do desenvolvimento pubertário, pele seca e descamativa, perda de pêlo axilar e púbico, cabelo seco e quebradiço, hipotermia, bradipneia, bradicardia, hipotensão, edemas periféricos e osteoporose.

In : “CONTRIBUTO À COMPREENSÃO DA ANOREXIA MENTAL FEMININA A PARTIR DO PROCESSO DE SEPARAÇÃO-INDIVIDUAÇÃO” – Pedro Martins

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