Autor: <span>Pedro Martins</span>

Casais explosivos - Pedro Martins Psicoterapeuta

Casais Explosivos

Há muitas maneiras dos casais serem infelizes no amor, mas existe uma, a que psicologia moderna tem dado especial atenção:

– Os relacionamentos em que uma das partes tem um padrão de vinculação inseguro evitante e a outra, um padrão inseguro ansioso.

(Ver Teoria da Vinculação) (Veja qual é o seu estilo de Vinculação)

A teoria desenvolvida por J. Bowlby pressupõe dois estilos de vinculação:

Vinculação Segura.

Vinculação Insegura.

Por sua vez, a vinculação insegura divide-se em ansiosa e evitante.

 

Em primeiro lugar, temos aqueles que têm uma vinculação segura:

– São os que tiveram boas experiências na infância.

Esperam e fazem com que sejam bem tratados por aqueles que amam.

Trata-se de pessoas afortunadas que são capazes de empatizar e de ser generosas.

Comunicam com honestidade e objectividade as suas necessidades.

Assume-se que cerca de 50% da população tem uma vinculação segura.

 

Aqueles que na infância foram sujeitos a grandes decepções e traumas formam os restantes estilos de vinculação: Insegura-Ansiosa / Insegura-Evitante.

O que torna as coisas ainda mais complicadas é o facto das pessoas com um estilo inseguro evitante serem frequentemente atraídas para formar casais com as pessoas do estilo inseguro ansioso, onde as suas características emocionais contribuem para uma combinação particularmente explosiva.

 

Casais explosivos: as pessoas com um estilo inseguro evitante são frequentemente atraídas para formar casais com as pessoas do estilo inseguro ansioso.

 

As pessoas com vinculação insegura ansiosa terão num relacionamento o sentimento característico de não serem devidamente apreciadas e amadas.

Estão convencidas de que com mais proximidade, ternura e sexo a união pode ser possível.

Os parceiros com quem estão, no entanto, parecem-lhes dolorosamente desapegados.

Parece que nunca querem com tanta intensidade quanto a que eles oferecem.

Ficam profundamente magoadas com a frieza e a distância e, aos poucos, começam a sentir auto-aversão e rejeição.

Desvalorizadas e incompreendidas, são invadidas por sentimentos de vingança e ressentimento.

Por um longo período, podem calar as suas frustrações até que, eventualmente, o desespero irrompe.

Mesmo que seja num momento muito inadequado, não conseguem deixar de procurar resolver os problemas naquela ocasião.

Previsivelmente, esse tipo de discussão corre muito mal.

O parceiro ansioso perde a calma; exagera e crítica com tanta maldade que deixa o parceiro evitante convencido de que ele é louco e mesquinho.

Um parceiro seguro pode saber como acalmar a situação, mas um evitante, certamente, não é capaz.

Tragicamente, o evitante desencadeia uma insegurança ainda maior no parceiro ansioso.

Sob pressão para ser mais carinhoso e próximo, o parceiro evitante instintivamente retrai-se.

Sente-se perseguido; fica frio e desconecta-se, aumentando ainda mais a ansiedade do parceiro.

Por baixo do seu silêncio, o evitante está magoado por se sentir “controlado”.

Tem a sensação de ser perseguido: injustamente perseguido devido à “carência” do outro.

Silenciosamente pode fantasiar sair para fazer sexo com alguém, de preferência, um completo estranho.

 

A maioria de nós pode não ser completamente saudável no amor, mas pode encontrar formas de manter um bom relacionamento.

 

É importante saber que isto não se passa apenas no seu relacionamento.

Existem, literalmente, milhões de relações onde se passam coisas idênticas.

É igualmente importante, ter consciência de que as causas do sofrimento, que são tão pessoais e tão duras, são na verdade fenómenos gerais, e estão bem estudadas.

A solução, como sempre, passa pelo conhecimento; pela consciencialização.

Há uma grande diferença entre a pessoas ansiosas e evitantes agirem os impulsos e, como seria preferível, perceberem que eles fazem parte de nós; saberem de onde vieram e explicarem a si próprias e aos outros por que somos levados a fazer as coisas que fazemos.

Não podemos – a maioria de nós – ser completamente saudáveis no amor, mas também podemos ser algo quase tão benéfico:

Podemos ser pessoas comprometidas em explicar o nosso comportamento patológico (motivado por várias coisas) em tempo útil, antes de nos tornarmos excessivamente furiosos e magoar os outros, e, posteriormente pedir desculpa pelo sucedido.

Há poucas coisas mais românticas, no verdadeiro sentido da palavra, do que um casal que aprendeu a compartilhar de forma franca e delicada, o que os levou a reagir de certa forma, e que tudo farão para rapidamente voltar ao normal.

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

a partir de Alain de Botton

 

Por que eu sou tão anal? - Pedro Martins Psicoterapeuta

Por Que Eu Sou Tão Anal?

Por vezes as pessoas perguntam: “Por que o meu amigo, parceiro, pai, chefe é tão anal?”.

De onde vem o termo “anal” e o que significa?

Este termo tem origem em Freud, e tal como muitas das suas ideias permanece fortemente enraizada no nosso “inconsciente colectivo” sem termos a noção das suas origens psicanalíticas.

A teoria da “personalidade retentivo-anal” é uma delas.

Nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” Freud descreve as três fases do desenvolvimento psicossexual na primeira infância: oral (0 a 1 ano), anal (1 a 3 anos) e fálico (3 a 6 anos).

A fase anal coincide com o período do treino do bacio. Nesta fase as crianças apercebem-se pela primeira vez que podem controlar os esfíncteres, assim como a si mesmas e o ambiente.

Pela primeira vez, a criança sente que pode obedecer ou opor-se à vontade dos pais.

 

A fase anal coincide com o período do treino do bacio.

 

“Não” é uma palavra muito popular entre os 2-3 anos de idade.

Embora a personalidade retentivo-anal não esteja incluída no DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, tem alguns aspectos em comum com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo da Personalidade:

– Uma grande preocupação com limpeza que se expressa através de lavagens constantes das mãos, extrema ordem e necessidade de controlo.

Estes comportamentos têm como objectivo reduzir a ansiedade.

O que é a Analidade?

Geralmente, quando alguém pergunta: “Por que sou tão anal?”, refere-se à extrema necessidade de controlar as coisas ao seu redor através de uma enorme atenção aos pormenores.

Isto pode ser irritante para os que estão à sua volta, porque esse comportamento estende-se para além do que é considerado razoável, útil ou produtivo.

Francisco, um jovem advogado queixou-se de que a sua colega sénior tinha exigido que ele investigasse todas as teorias possíveis envolvidas num aspecto de um caso, mesmo as consideradas muito improváveis.

Isso obrigava-o a passar todo o fim-de-semana a pesquisar decisões que, na sua opinião, não tinham relação com o caso e eram uma completa perda de tempo.

Referindo-se à sua colega Francisco disse: “ela é tão anal”. Com isso, ele queria dizer que ele a sentia extremamente controladora e ansiosa.

Ao mesmo tempo, as próprias pessoas podem ficar frustradas com a necessidade de controlo e de ficarem excessivamente focadas em detalhes não essenciais, pois sentem-se incapazes de conter essa necessidade ou impulso.

 

O comportamento “anal” é uma tentativa de controlar a ansiedade.

 

Joana queria comprar um frigorífico novo. On-line pesquisou pelos melhores modelos. Encontrou um muito bem cotado dentro dos valores que estava disposta a gastar, mas com algumas apreciações negativas.

Passou vários dias a pesquisar os aspectos que tinham sido avaliados ​​negativamente, assim como a procurar outros modelos.

Todos os modelos com boas avaliações apresentavam algumas críticas.

Passado algum tempo, Joana percebeu que estava com medo de tomar uma decisão errada, mas a pesquisa em vez de ajudar a decidir ainda a deixou mais ansiosa.

Em ambos os exemplos, o comportamento “anal” é uma tentativa de afastar a ansiedade criando a ilusão de ordem.

A ansiedade surge da sensação de caos iminente, e o comportamento “anal” é uma tentativa de controlar ou de se defender desse caos.

O que fazer com a analidade?

Francisco, por exemplo, pode sentir que a sua colega está a ser “anal”, mas ela vê o seu próprio comportamento como meticuloso – uma qualidade – e considera a resistência de Francisco como um indício de desleixo e preguiça.

No caso de Joana, ela própria está irritado com as suas tendências anais e gostaria de pura e simplesmente tomar uma decisão e seguir em frente com a vida. Ficaria feliz se alguém decidisse por ela.

 

Todas as pessoas podem, ocasionalmente ser “anais”.

 

Se você acha que costuma ser “anal”, aqui estão alguns aspectos sobre os quais deve reflectir:

– Está a acontecer alguma coisa na sua vida que o está a deixar ansioso? A sua “analidade” pode ser uma maneira de controlar essa ansiedade.

– Pergunte a alguém próximo de si se o seu comportamento parece excessivo ou fora de controlo.

– Tente delegar tarefas a outras pessoas e depois deixe que elas determinem a extensão da atenção aos detalhes.

– Considere quais são as consequências de um resultado que é suficientemente bom, mas não perfeito?

Todas as pessoas podem, ocasionalmente ser “anais”.

Quando você ou outra pessoa estiver a ser “anal”, lembre-se de que é uma indicação de que está com dificuldade em controlar a ansiedade.

O comportamento “anal” é uma tentativa de controlar essa ansiedade.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins a partir de:

Susan Kolod – “Why am I so anal?”

Podemos ser só amigos? Pedro Martins Psicoterapeuta

Não Podemos Ser Só Amigos?

Uma das coisas mais docemente amarga de ouvir; dita carinhosamente no final de uma longa e divertida noite, é a proposta de que devemos, afinal, permanecer “apenas bons amigos”.

Tomamos a proposta para uma amizade como sinónimo de uma ofensa, porque a nossa cultura romântica tem continuamente, e desde tenra idade, deixado uma coisa muito clara para nós:

O amor é o propósito da nossa existência; a amizade é o insignificante prémio de consolação.

Deveríamos reflectir um pouco sobre alguns aspectos relacionados com o amor:

– o comportamento, o nível de satisfação e o estado de espírito dos próprios amantes.

Se fôssemos julgar o amor, principalmente, pelos impactos, pela quantidade de lágrimas, pelas enormes frustrações, pela crueldade das ofensas que se desdobram em seu nome, não continuaríamos a avaliá-lo da mesma forma, e, poderíamos até confundi-lo com um transtorno mental.

 

A amizade é o insignificante prémio de consolação.

 

As cenas que tipicamente se desenrolam entre os amantes dificilmente seriam imagináveis ​​noutras relações.

Honramos aqueles que amamos com o nosso pior humor, com as acusações mais injustas e com os insultos mais malignos.

É para os nossos amantes que dirigimos a culpa por tudo o que deu errado nas nossas vidas.

Esperamos que eles saibam tudo o que queremos dizer sem nos preocuparmos em explicar.

É aos seus pequenos erros e mal-entendidos que respondemos com indignação e raiva.

E, em comparação, é na amizade, um estado supostamente inferior, cuja alusão no final de um encontro nos esmaga, que mostramos as nossas maiores e nobres virtudes.

Na amizade somos pacientes, encorajadores, tolerantes, divertidos e, acima de tudo, gentis.

Esperamos um pouco menos e, portanto, temos uma capacidade enorme de perdoar.

Não presumimos que seremos completamente compreendidos e, assim, aceitamos as falhas de uma forma mais leve e humana.

 

Paradoxalmente são os amigos que nos oferecem o verdadeiro caminho para os prazeres que o romantismo associa ao amor.

 

Não imaginamos que os nossos amigos devam admirar-nos sem reservas e apoiar-nos em qualquer coisa que façamos.

E, por isso, esforçamo-nos e comportamo-nos, agradando a nós mesmos e aos nossos amigos ao longo da vida.

Nós somos, na companhia de nossos amigos, os nossos melhores Eus.

Paradoxalmente é a amizade que nos oferece o verdadeiro caminho para os prazeres que o romantismo associa ao amor.

O facto de isto soar surpreendente é reflexo do quanto limitada a nossa visão quotidiana de amizade se tornou.

Mas a verdadeira amizade é algo mais profundo e digno de regozijo:

– É um espaço no qual duas pessoas podem ter uma noção das vulnerabilidades uma da outra;

– Apreciar as loucuras um do outro sem recriminação;

– Tranquilizar-se mutuamente quanto ao seu valor e acolher as tristezas e as tragédias da existência com delicadeza e carinho.

Colectiva e culturalmente, cometemos um grande erro que acaba por nos deixar mais solitários e mais decepcionados do que seria necessário.

Num mundo melhor, o nosso objectivo principal não deveria ser encontrar um amante especial que substitua todos os outros humanos, mas colocar a nossa inteligência e energia em descobrir e cultivar um círculo de amigos verdadeiros.

No final de uma noite, quem sabe diríamos, a prováveis futuros companheiros, com um sorriso envergonhado, que os convidámos para entrar – sabendo que isso seria uma rejeição dolorosa – ‘Sinto muito, não poderíamos ser apenas… amantes?

Ter noção das dificuldades dá confiança. Pedro Martins Psicoterapeuta

Ter Noção das Dificuldades dá Confiança

Uma das maiores fontes de desespero é a crença de que as coisas deveriam ter sido mais fáceis do que, na verdade, acabaram por ser.

Não desistimos somente porque as coisas são difíceis, mas porque não esperávamos que fossem assim.

O grande esforço implicado é interpretado como uma prova humilhadora de que não temos o talento necessário para concretizarmos os nossos desejos.

Tornamo-nos submissos e tímidos e acabamos por nos render, porque sentimos que uma luta tão grande só existe para nós.

Parece que para os outros é tudo mais fácil.

A capacidade de permanecer confiante depende, em grande medida, de se internalizar a narrativa correcta sobre as dificuldades que, provavelmente vamos encontrar.

E, no entanto, infelizmente, as narrativas que temos à mão são – por diversas razões – profundamente enganadoras.

Estamos cercados de histórias de sucesso que conspiram para fazer com que o êxito pareça mais fácil do que de facto é.

Portanto, acaba por involuntariamente destruir a nossa confiança diante dos nossos obstáculos.

 

Parece que para os outros é tudo mais fácil. Mas não é.

 

Algumas das explicações para o predomínio de narrativas optimistas são benignas.

Se disséssemos a uma criança o que lhe está reservado – momentos de solidão, relações instáveis, empregos insatisfatórios, etc., – ela poderia atemorizar-se e desistir.

Preferimos ler-lhe as aventuras do coelhinho “Miffy e os seus amigos”.

De outro ângulo, as razões para o silêncio em torno das dificuldades são um pouco mais egoístas:

– Procurar impressionar as pessoas.

O artista aclamado ou o empresário de sucesso esforça-se para disfarçar a energia implicada, e fazer com que seu trabalho pareça simples, natural e óbvio.

Sem sabermos detalhadamente o que implica desenvolver um projecto, não nos podemos posicionar correctamente em relação às nossas derrotas.

Como não sabemos o suficiente sobre o percurso espinhoso daqueles que admiramos, não perdoamos a forma trágica como correram as nossas primeiras tentativas.

Certas sociedades têm sido mais sábias do que as nossas em evidenciar a nobreza implicada nos esforços.

A confiança não é a crença de que não vamos encontrar obstáculos.

É o reconhecimento de que as dificuldades são uma parte inevitável de todos os projectos importantes.

É necessário que as pessoas saibam que a ansiedade, a dor e o desapontamento estão presentes nas vidas bem-sucedidas.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

a partir de Alain de Botton

Comprrender as coisas de forma racional versus emocional. Pedro Martins Psicólogo Clínico

Compreender as coisas de forma Racional vs. Emocional

É necessário distinguir entre saber algo sobre nós mesmos de forma racional e emocional

Conhecer a nossa própria mente é, na melhor das hipóteses, difícil.

É, até, extraordinariamente difícil compreender coisas básicas sobre nós e o que está por trás delas.

Coisas que condicionam as nossas vidas, e, das quais, esperamos um dia libertar-nos.

Em certos momentos é, verdadeiramente desanimador, concluir que saber uma coisa sobre nós, ter consciência dela, não é suficiente para que ela se altere.

Uma compreensão racional do passado, apesar de correcta, por si só não é suficiente para nos libertar.

Podemos, por exemplo, saber do ponto de vista racional de que somos tímidos junto de figuras de autoridade porque o nosso pai era uma figura fria e distante, e que não nos apoiava nem dava o amor que precisávamos.

Conseguir chegar até esta conclusão pode ser o trabalho demorado e, tendo chegado, poderíamos esperar que os nossos problemas com a timidez e a autoridade diminuíssem.

Mas, na nossa mente, infelizmente, as coisas não são assim tão simples.

Uma compreensão racional do passado, apesar de correcta, por si só não é suficiente para nos libertar.

Para isso, temos de olhar de forma aprofundada o que se passou connosco e o que suportámos.

Precisamos dar mais um passo e compreender as coisas do ponto de vista emocional.

Teremos que contactar com um conjunto de episódios do passado, nos quais os problemas com os nossos pais e as questões da autoridade se originaram.

Temos de permitir recordar certos momentos que devido à sua intensidade foram remetidos para longe na nossa memória.

É preciso encontrar, contactar e escutar emocionalmente partes nossas.

Não basta saber que tivemos um relacionamento difícil com o nosso pai, é preciso contactar com os sentimentos associados à situação.

Sabemos que pensar racionalmente é importante – mas, por si só, dentro do processo terapêutico, não é suficiente para resolver os nossos problemas psicológicos.

Há uma diferença fundamental entre reconhecer que éramos tímidos enquanto crianças e vivenciar o que era sentir-se intimidado, ignorado e com receio de ser rejeitado ou ridicularizado.

É diferente saber, de uma maneira abstracta, que a nossa mãe não esteve muito focada em nós quando éramos pequenos e re-conectarmos com o que sentíamos quando tentávamos partilhar algumas das nossas necessidades com ela e não conseguíamos.

A psicoterapia permite reviver certos sentimentos. Só quando estamos em contacto com os sentimentos é que podemos corrigi-los com a ajuda das nossas capacidades – agora mais maduras – e, assim, abordar os problemas reais na nossa vida actual.

É preciso encontrar, contactar e escutar partes nossas – talvez pela primeira vez – para que possam ser ao mesmo tempo tranquilizadas e revigoradas.

É com base neste tipo de conhecimento emocional arduamente conquistado, e não no seu tipo racional, que podemos encontrar uma forma de resolver os nossos problemas internos.

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

a partir de “Knowing things intellectually vs. knowing them emotionally”

Infantilização dos filhos - Pedro Martins Psicoterapeuta Psicólogo Clínico

A Infantilização dos Filhos

Tratar um adulto como se fosse uma criança – infantilização -, cria um ciclo de dependência.

A ponto de vermos jovens adultos a perguntar constantemente, o que fazer e como fazê-lo.

Os efeitos negativos da infantilização nos adultos estão bem documentados:

– traduzem-se numa crescente diminuição da capacidade de funcionar autonomamente.

Mesmo nas crianças, a infantilização pode ter consequências negativas.

Imagine que tem uma filha pequena que acabou de aprender a atar os atacadores dos ténis.

Ela, objectivamente, leva mais tempo para fazer isso do que você.

Como normalmente está com pressa para sair de casa, você vai continuar atar-lhe os atacadores de manhã para não perder uns minutos preciosos.

Ao assumir essa tarefa que ela já pode fazer sozinha, você está a afectar o sentimento de autonomia da sua filha, mesmo que esteja a fazer isso por um motivo perfeitamente legítimo.

A infantilização nos adultos traduz-se numa crescente diminuição da capacidade de funcionar autonomamente.

Depois deste exemplo, imagine o que acontece com os pais muito narcísicos.

Os pais narcísicos precisam que os filhos permaneçam dependentes deles por muito tempo.

Quando os filhos crescem estes pais têm muito medo de não se sentirem importantes na vida dos filhos.

Nathan Winner e Bonnie Nicholson (2018), estudaram o papel da superprotecção: tratamento continuado dos filhos como se fossem crianças – infantilização.

De acordo com os autores, a superprotecção envolve excesso de envolvimento e intrusão, combinada com calor humano e pronta capacidade de resposta, em situações em que as crianças não precisam de ajuda nem de se sentirem seguras.

Os pais super-protectores, ao manterem os filhos dependentes deles, podem impedir o desenvolvimento adequado da independência do jovem adulto.

O que, por sua vez, leva o indivíduo a não ser capaz de viver uma vida adulta.

A superprotecção envolve excesso de envolvimento e intrusão.

Os pesquisadores acreditam que o controlo excessivo presente na superprotecção está no centro das dificuldades que os filhos de pais narcisistas podem sentir.

Winner & Nicholson definem o “controlo psicológico parental” como uma intrusão emocional, e não apenas tentativas de limitar a criança a tornar-se um adulto.

Os resultados (obtidos através de correlações) permitiram que os autores considerassem a relação entre o comportamento de controlo excessivo dos pais e o narcisismo das crianças.

Noutras palavras, os sujeitos com sentimentos de inferioridade, foram os que estiveram expostos a pais intrusivos que os tentavam controlar.

Os autores concluem que os pais que vão longe demais no seu desejo de permanecerem proeminentes e envolvidos na vida dos filhos contribuem para o desenvolvimento de sentimentos de inferioridade.

Os pais intrusivos levam os filhos a desenvolver sentimentos de inferioridade.

A existência desta relação sugere que os problemas narcísicos podem ser transmitidos de geração em geração.

Os pais emocionalmente intrusivos produzem filhos que, por sua vez, sentem que essa é a melhor maneira de criar um filho.

Também é importante notar que os pais que são demasiado controladores, efectivamente, são muito carinhosos enquanto cuidam dos filhos e lhes dão tudo (ou mais do que tudo).

Assim, os filhos sentem que serão amados se acederam os desejos dos pais, deteriorando ainda mais o seu sentimento de autonomia.

Ter sido tratado como uma criança não significa que você tenha que ser criança para sempre.

Ao ter uma percepção da forma como se deu o seu crescimento pode, finalmente, reconhecer o seu próprio potencial para ser um adulto e encetar movimentos no sentido da independência .

O que o seu estilo de vinculação pode revelar sobre a sua sexualidade.

O que a vinculação pode revelar sobre a sua sexualidade

O sistema comportamental de vinculação evoluiu no sentido de aumentar as possibilidades de sobrevivência das crianças e o sucesso reprodutivo futuro, mantendo a proximidade com os cuidadores.

A qualidade das interacções repetidas com as figuras de vinculação molda gradualmente os padrões “definitivos” de como a pessoa de vê a si própria, assim como os objectivos relacionais.

As interacções com as figuras de vinculação que respondem às necessidades da pessoa promovem um sentimento de vinculação segura.

Este sentimento de segurança proporciona a confiança de que se é digno do amor dos outros.

E que esses outros significativos nos apoiarão quando necessário, levando à consolidação de objectivos interpessoais voltados para a construção de relacionamentos íntimos.

Quando as figuras de vinculação respondem às necessidades da pessoa promovem um sentimento de confiança.

Em contraste, interacções com figuras de vinculação que são inconsistentemente responsivas ou consistentemente não responsivas resultam na adopção de estratégias alternativas para lidar com a insegurança resultante:

Hiperactivação e desactivação do sistema de vinculação, respectivamente.

Estas duas estratégias defensivas de vinculação ajudam a proteger a pessoa da angústia, de acordo com os medos que a motivam.

As estratégias de hiperactivação, que caracterizam a vinculação insegura ansiosa, resultam dos medos extremos de abandono e envolvem respostas de protesto destinadas a levar as figuras de vinculação a prestar atenção às suas necessidades.

As estratégias de desactivação, que caracterizam a vinculação insegura evitante, são alimentadas por medo da intimidade e envolvem respostas de fuga destinadas a manter a distância emocional e a confiança nos relacionamentos íntimos.

Estas estratégias iniciais acompanham as interacções interpessoais da pessoa durante toda a sua vida, afectando os níveis desejados de intimidade e interdependência nas relações profundas (teste aqui o seu estilo de vinculação).

A vinculação segura permite abordar a sexualidade com confiança e facilita a intimidade sexual.

Assim, é provável que influenciem a sexualidade no contexto dum relacionamento, incluindo os tipos de desejos que as pessoas pretendem satisfazer, os tipos de relação que procuram e o que entendem como sexualmente desejável com os parceiros actuais e potenciais.

As pesquisas indicam que a vinculação segura encoraja uma abordagem auto-confiante da sexualidade, facilita a intimidade sexual e o prazer nas interacções sexuais mútuas no contexto de relacionamentos profundos.

Em linha com os objectivos de construção dum relacionamento, os indivíduos com uma vinculação segura envolvem-se em sexo, principalmente, para melhorar o vínculo emocional (por exemplo, para expressar amor pelos seus parceiros) e são menos propensos do que os indivíduos menos seguros a envolverem-se em sexo casual.

O sentimento de segurança, que é caracterizado por uma relativa despreocupação com a ligação ao outro e inexistência de ansiedades quanto ao desempenho sexual, permite que os indivíduos com vinculação segura respondam com sucesso às preferências sexuais dos parceiros sem comprometer as suas próprias necessidades.

No geral, a abordagem confiante da sexualidade que acompanha a vinculação segura facilita um envolvimento prazeroso em actividades sexuais afectivas e exploratórias, promovendo, assim, a qualidade e a longevidade do relacionamento.

Por outro lado, os padrões inseguros de vinculação (ansioso / evitante) tendem a prejudicar o funcionamento sexual nos relacionamentos amorosos.

Os medos de rejeição das pessoas muito ansiosas podem levá-las a usar o sexo para responder às suas necessidades não satisfeitas de ligação profunda.

Se uma pessoa se sente permanentemente insegura quanto a ser amada, se essa insegurança se reflecte em preocupações quanto ao relacionamento ou em medo da intimidade, é pouco provável que a sexualidade dessa pessoa seja satisfatória.

A natureza desta interferência, no entanto, reflecte-se de forma distinta na vida amorosa das pessoas com vinculação insegura ansiosa, das pessoas com vinculação insegura evitatante.

Os medos de rejeição das pessoas muito ansiosas podem levá-las a usar o sexo, que é uma via proeminente para buscar proximidade (ver Erotização do Contacto), para responder às suas necessidades não satisfeitas de ligação profunda.

Tendem, por exemplo, a sexualizar o seu desejo de afecto e são propensos a ter sexo para conquistar um parceiro e/ou a manipular o parceiro para reduzir as possibilidades de abandono.

O “sexting” pode ser outra manifestação da sexualização das suas necessidades de vinculação.

Em concreto, tendem a enviar textos onde instam à actividade sexual, provavelmente, na esperança de obter uma resposta positiva dos seus parceiros e seduzi-los para um relacionamento mais profundo.

Infelizmente, as ansiedades de relacionamento das pessoas muito ansiosas continuam a assombrá-las no quarto, levando a comportarem-se de forma contraproducente que, por vezes, ironicamente, pode contribuir para a concretização dos seus piores medos.

Por exemplo, o medo que as pessoas muito ansiosas têm de perder os parceiros, leva-as a aceder aos desejos deles e a envolver-se em actividades sexuais indesejadas e muitas vezes arriscadas (por exemplo, relações sexuais desprotegidas).

Ao mesmo tempo, as suas próprias preferências sexuais podem não ser expressas.

As pessoas com vinculação insegura ficam desconfortáveis com proximidade imposta pelo contacto sexual e, assim, tendem a privar o sexo da intimidade psicológica.

A inibição das necessidades sexuais, juntamente com as preocupações com o relacionamento (por exemplo, sentir angústia de separação durante o sexo), impedem que se deixem levar pelas sensações eróticas, resultando em menor prazer e várias dificuldades sexuais.

As dificuldades sexuais, por sua vez, tendem a frustrar as expectativas irreais das pessoas altamente ansiosas em relação à “união perfeita” e a gerar um ciclo erosivo de preocupações no que diz respeito ao relacionamento e à sexualidade.

As pessoas muito evitantes, em comparação, sentem desconforto com a proximidade imposta pelo contacto sexual e, assim, tendem a privar o sexo da intimidade psicológica.

Especificamente, tendem a ter relações sexuais por motivos egoístas (por exemplo, melhorar a performance, reduzir o stress).

Estes objectivos sexuais momentâneos, combinadas com um baixo compromisso na relação, podem explicar por que reagem favoravelmente ao sexo “sem compromisso” e se envolvem em sexo fora dos relacionamentos.

As pessoas evitantes distanciam-se dos seus parceiros não apenas por se envolverem em sexo extra-conjugal, mas também porque raramente têm fantasias íntimas com os seus parceiros.

Assim, investem na actividade sexual solitária da masturbação, em vez de terem relações sexuais frequentes com os parceiros.

Quando as pessoas muito evitantes fazem sexo com os parceiros, são menos propensas a demonstrar afeição e a responder às necessidades dos seus parceiros.

As pessoas com vinculação insegura são mais susceptíveis de ter dificuldades sexuais e relacionais.

O descontentamento na relação transborda para o seu mundo de fantasias, e interfere na gratificação das suas próprias necessidades sexuais.

No geral, as dificuldades das pessoas evitantes em atenuar os medos da intimidade, que se estendem até ao mundo protegido das fantasias sexuais, privam a relação de calor e negam a oportunidade de experiências reparadoras.

Tomados como um todo, as pessoas com vinculação insegura são susceptíveis a ter dificuldades sexuais e relacionais.

No entanto, paradoxalmente, as relações de pessoas com vinculação  insegura são especialmente propensas a beneficiar do sexo.

Para essas pessoas, satisfazer a actividade sexual carrega o potencial de reduzir os receios de ligação e, assim, produzir um ambiente no relacionamento que conduza à formação de uma verdadeira intimidade.

Essa sensação de intimidade crescente, por sua vez, pode aumentar o desejo sexual entre os parceiros, intensificando ainda mais o relacionamento.

Traduzido/adaptado por Pedro Martins a partir de: What you attachment style may reveal about your sex life – Gurit E. Birnbaum

Por que a Depressão nos deixa tão cansados? Pedro Martins Psicoterapeuta

Por que a Depressão nos deixa tão fatigados?

A fadiga e o stress tornaram-se estados permanentes para muitas pessoas.

O cansaço extremo e a falta de energia, geralmente, ocorrem após uma experiência exigente do ponto de vista mental/emocional ou fisicamente desgastante.

Mas nem sempre é temporária ou circunstancial.

A fadiga também pode ser um sintoma de um problema maior, como a depressão.

De facto, de acordo com dados de 2018, a fadiga está presente em mais de 90% dos casos de depressão.

Parte da razão pela qual a depressão e a fadiga andam de mãos dadas é porque a depressão afecta os neurotransmissores associados ao estado de alerta e ao sistema de recompensa.

Outra razão tem a ver com o facto de a depressão afectar de forma negativa o sono.

Seja pela dificuldade em adormecer, de ter um sono contínuo, de acordar cedo demais ou, simplesmente, não conseguir dormir profundamente.

De acordo com dados de 2018, a fadiga está presente em mais de 90% dos casos de depressão.

A depressão também prejudica a motivação, uma vez que é física e emocionalmente desgastante realizar tarefas simples.

Além disso, alguém deprimido tem de gastar muito mais energia para tomar decisões e para se concentrar no trabalho.

A relação entre a depressão e a fadiga pode tornar-se cíclica.

As pessoas com depressão, ao fazerem um grande esforço para realizarem as tarefas diárias, podem sentir-se ainda mais fatigadas.

O que, por sua vez, pode fazer com que se sintam ainda mais deprimidas. E o ciclo continua.

É importante dizer que é muito mais provável que a fadiga seja um sintoma de depressão do que a sua causa.

No entanto, doenças crónicas e problemas no sono podem tornar a pessoa mais susceptível à depressão.

Se alguém está sempre cansado por qualquer motivo, é provável que tenha dificuldade em ter uma vida mais rica.

Isso pode levar a menos socialização, menor foco no trabalho e nas rotinas diárias.

Por isso é crucial tomar medidas para melhorar o seu bem-estar geral, caso a fadiga seja devido à depressão ou a outra causa.

Caso você mude as suas rotinas, os seus hábitos de sono e de trabalho, e, ainda assim, se sentir exausto, considere procurar ajuda profissional para determinar se é um caso de depressão e iniciar o tratamento.

A partir de “Why Depression Makes You So Damn Tired All The Time” – Paige Smith

Dormir na Cama dos Pais Pedro Martins Psicoterapeuta

Dormir na Cama dos Pais

Muito se tem escrito sobre a vontade dos filhos irem dormir para a cama do casal e se os pais devem ou não permitir.

Mas fala-se menos sobre a vontade dos pais terem os filhos a dormir com eles, e, em alguns casos, a permanecer lá durante anos.

De uma maneira geral, aconselha-se que a criança durma sozinha a partir do quarto ou sexto mês de vida, no sentido de favorecer o desenvolvimento da sua autonomia.

Para que a criança possa desenvolver a “capacidade de estar só” – Winnicott -, é importante que os pais a coloquem a dormir sozinha.

O simples facto de a criança dormir sozinha faz com que a “capacidade de estar só” se desenvolva?

A resposta é não.

O desenvolvimento da autonomia está dependente das características do vínculo mãe-bebé. 

O desenvolvimento da “capacidade de estar só” está dependente do vínculo mãe-bebé. São as características deste vínculo que determinam se este processo será mais fácil ou mais difícil.

PAIS QUE DORMEM COM OS FILHOS

Nem sempre são os filhos a ir para a cama dos pais. Há casos em que acontece o contrário.

Devido aos medos que a criança manifesta na hora de adormecer muitos pais (a mãe ou o pai) dormem na cama dos filhos e por lá ficam.

Uns ficam umas horas, outros uns dias.

Mas temos também os pais que, aparentemente, trocaram de forma definitiva, a sua cama pela dos filhos.

O contrário também acontece, com os filhos a permanecer indefinidamente na cama dos pais.

Este funcionamento, de tão prolongado, adquire um carácter de normalidade.

Em ambos os casos a intimidade do casal está ameaçada ou, pelo menos, condicionada.

Muitas vezes, o nascimento de um filho é uma excelente justificação para os pais dormirem separados ou porem os filhos a dormir com eles, contornando, assim, os problemas pré-existentes no casal.

Ao mesmo tempo, o nascimento de um filho mexe, em certos casos, profundamente com a vida do casal:

O cansaço físico e emocional; a mãe que não aceita o seu corpo depois da gravidez, e por isso se afasta para não ter contacto íntimo com o parceiro; o pai que sente ciúmes do tempo que a mãe dedica ao filho; a diminuição do desejo sexual; etc.

Por vezes as mães sentem-se culpadas por continuarem a ser mulheres, depois da maternidade.

É como se o novo papel de mãe, para ser exercido plenamente implicasse recusar a sua feminilidade, e as coisas a ela associadas.

É muito importante que o pai não se afaste como homem e faça sentir à mãe que ela ainda é uma mulher desejada e com desejos.

Isto é importante para o casal como para o filho, na medida em que a mãe não busca somente na criança a gratificação afectiva.

 A presença dos filhos na cama dos pais é uma ameaça à intimidade do casal.

Existem casos em que as mães têm medo de que algo fatal possa acontecer com o bebé se não dormirem com ele.

Passam grande parte da noite acordadas a ouvir o batimento cardíaco do bebé e a respiração, para se assegurarem que continua vivo.

Normalmente, isto está associado a sentimentos de culpa.

Por vezes, a ansiedade, o medo e a angústia dos pais é apaziguada de forma mais cómoda colocando os filhos a dormir com eles na cama do casal.

Nos casos em que um filho passou por uma situação traumática, ou na elaboração de certas perdas, dormir com a criança durante um tempo pode ser importante para recuperar a confiança e, aos poucos, voltar para a sua cama.

FILHOS QUE DORMEM COM OS PAIS

Nos casos em que a cama é compartilhada, é habitual que a criança durma com os pais, sempre ou alternadamente até chegar aos dois ou três anos de vida e depois vá para o seu quarto, sem qualquer implicação emocional para a criança ou para os pais.

Portanto, no nosso caso, a questão não é dormir ou não dormir na cama do casal, mas saber o que leva os pais a fazerem-no.

Em abstracto podemos dizer que as coisas vão bem quando é a criança que quer dormir com os pais e não tanto, quando são os pais que precisam de dormir com os filhos.

Depressão Sorridente - Pedro Martins Psicoterapeuta

A Depressão Sorridente

Não creio que se possa falar em “Depressão Sorridente” como entidade nosológica.

Mais correcto será dizer que certas pessoas, apesar de deprimidas, apresentam-se “sorridentes”. Mais que sorridentes no sentido literal, mantém-se funcionais: continuam a trabalhar (baixo absentismo), a cuidar do lar, da família, e têm actividade social.

São pessoas que apesar de estarem deprimidas parecem felizes.

Tende a pensar-se que as pessoas com depressão estão impossibilitadas de funcionar, mas não é exactamente assim. Para além disso, não só não existem duas depressões iguais, como cada pessoa vivencia a depressão de forma diferente.

Há casos em que algumas destas pessoas podem nem perceber que estão deprimidas, principalmente se se mantiverem “funcionais”.

Apesar de notarem (principalmente) um cansaço maior do que o habitual, tendem a desvalorizar ou a considerá-lo resultado de qualquer outra coisa. O mesmo acontece quando sentem alguma desmotivação, “preguiça”, ou um desinteresse generalizado.

Pode parecer estranho que alguém possa “andar sorridente” e ao mesmo tempo estar deprimido, mas acontece com frequência.

Aqueles que fazem acompanhar a sua depressão com um “sorriso” são os ficam surpreendidos quando são diagnosticados.

Outros nunca chegam a ser diagnosticados porque o receio de estarem deprimidos é tão grande que se afastam de qualquer coisa que lhes possa trazer essa confirmação.

Apesar de a tristeza ser um dos principais sintomas da depressão, as pessoas podem apresentar ansiedade, medo, raiva, fadiga, irritabilidade, desesperança e desespero.

As pessoas que não admitem estar deprimidas têm receio de se afundarem caso vacilem perante o mal-estar que sentem.

Também podem ter problemas com o sono, falta de satisfação em certas actividades prazerosas (até então) e perda de libido. A experiência é diferente para cada um. É possível ter apenas um ou vários destes sintomas.

As pessoas que sofrem da chamada depressão sorridente – as que não admitem estar deprimidas – têm um receio não muito consciente de se afundarem caso vacilem perante o mal-estar que sentem.

Por isso usam capas rígidas atrás das quais “escondem” dos outros, mas principalmente de si, os sinais de depressão.

Algumas destas depressões acabarão por ser ultrapassadas com o tempo.

Em alguns casos pode tratar-se de uma personalidade depressiva em vez de uma depressão propriamente dita. (Ver: Personalidade Depressiva e Depressão)

Outras terão uma boa evolução se reconhecidas pelo próprio e pela família e amigos. Dado serem ligeiras poderão ser ultrapassadas sem recurso a terapia.

As mais profundas necessitam de tratamento.

Caso conheça alguém que tenha dificuldade em aceitar que está deprimido e procura ajudar essa pessoa, evite colocar a questão de forma muito directa. A resposta será um rotundo não.

Destapar à força a depressão que alguém procura tapar, não só é ineficaz, como contraproducente e até cruel.

Compartilhar sentimentos é a melhor forma de ajudar.

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