Autor: <span>Pedro Martins</span>

Devaneio psicoterapia

O Sintoma como trampolim para o devaneio

Thomas Ogden descreve a psicoterapia como uma oportunidade para o devaneio. Ele cita R.M. Rilke (1904)

“I hold this to be the highest task of two people; that each should stand guard over the solitude of the other.”

Ogden recorda-nos que não só temos partes sexuais do corpo que são privadas, como também temos processos mentais privados, que podem ser compartilhados, ou não, como assim entendermos. A concepção da psicoterapia como promotora do devaneio e da presença de um mundo interno privado, contrasta com uma das regras fundamentais de Freud de que devemos instruir os nossos pacientes a dizerem-nos o que está na sua mente.

Pelo contrário, refere Ogden, nós temos que ajudar os nossos pacientes a expandir os seus devaneios e, em seguida, escolher o que desejam compartilhar connosco. Ogden vê essa regra de Freud como contra-terapêutica, pois o nosso objectivo como terapeutas é incentivar e orientar em vez de ditar o que deve ser feito. Pacientes deprimidos, ansiosos, obsessivos e histéricos não conseguem ter devaneios, porque os sintomas sequestraram o seu cérebro de tal forma que eles estão restringidos no que “escolher” para poder ser pensado.

Aqui, a escolha da palavra implica uma escolha inconsciente, onde, por razões misteriosas, o cérebro do paciente está em shut-down e, como tal, estão limitados na capacidade de aceder ao seu próprio cérebro. É como se tivessem uma casa muito grande, mas todos os quartos estão fechados, e o paciente tem medo de encontrar a chave, pois ele teme o que vai encontrar, de modo que circunscreve-se a um pequeno quarto, onde sabe o lugar de tudo.

Ao conseguirem a chave os pacientes vêem a exploração da casa, do cérebro, como um devaneio, como uma fonte de mais pensamento, ao invés de um lugar que temem, tão doloroso que possam ficar presos na dor. A ironia aqui é que os pacientes estão presos, mas temem avançar, pois podem ficar presos de uma forma diferente e a mudança é assustadora.

O conceito de devaneio está associado a um espaço de interesse, de curiosidade e de livre flutuação de ideias, em vez de dor e sofrimento. Ser curioso é pensar, enquanto sentir a dor é o estreitamento, é ser autocentrado. Orientar os pacientes para a curiosidade, longe do seu foco no sintoma, é o coração da psicoterapia. Outros tipos de psicoterapia trabalham ao contrário, concentram-se nos sintomas e desencorajam a curiosidade. Pode dizer-se que eles se complementam e os pacientes podem beneficiar de ambos. Ogden refere, que seria tentado a concordar, mas o alívio a longo prazo vem do pensar sobre o pensar e de desafiar os nossos pacientes a questionar o que os sintomas significam para eles, de forma a usar o sintoma como um trampolim para devaneio.

ghosting

Ghosting – O Novo Mundo das Relações

O vocábulo ghosting foi eleito pelo dicionário britânico Collins como uma das palavras do ano de 2015. Derivada do inglês ghost (fantasma), o termo tem sido usado para designar uma forma de terminar relacionamentos (inclusive, quando, aparentemente, tudo está bem) na era digital em que a pessoa desaparece, tal qual um fantasma, e deixa de responder às mensagens dos aplicativos e redes sociais, eximindo-se de dar qualquer explicação.

O ghosting está intimamente ligado à forma superficial como a maioria das relações on-line é construída. Não é, portanto, de estranhar que a maneira como certos relacionamentos terminam esteja em linha com a forma como começam.

O facto de tudo se passar muito rapidamente, impede o aprofundamento. Sem tempo para as pessoas se conhecerem melhor (essência das relações), os relacionamentos não se consolidam.

Numa altura que o vídeo e a fotografia estão tão presentes no nosso dia-a-dia é natural que a imagem tenha um peso muito grande. O “match” que por vezes está na base de alguns relacionamentos deu-se através de uma “imagem” que editei de mim próprio e que atraiu o outro. Se eu mostrar a minha “imagem” não editada a atracção acaba? Posso mostrar quem realmente sou? Receando as respostas, o aprofundamento fica comprometido, e sem isso é espectável que as relações durem pouco. Começar / Terminar acaba por ser apenas mais um aspecto dentro deste modelo de relacionamentos.

 

A Conexão é muito mais frágil que o Vínculo

Actualmente estamos todos conectados uns com os outros mas o número de vínculos é cada vez menor. O vínculo é um tipo de ligação mais profunda. A conexão pode ser vista como estar em “contacto com”, e a vinculação como uma união. A união-relação pressupõe a criação de uma quantidade de vias que me ligam ao outro e nas quais circulam os afectos.

Nós precisamos das relações para nos conhecermos e para nos alimentarmos afectivamente. Os relacionamentos são uma espécie de espelho que nos devolve a imagem do que somos mas, tendo em conta que são também um alimento, do que poderemos vir a ser. Se não se aprofundam as relações, perpetua-se a fragilidade – nas pessoas e nos relacionamentos.

Os outros são um espelho onde nos vemos, mas essencialmente, onde nos conhecemos e reconhecemos. Se o espelho que me valida não tem uma presença continuada (porque se afasta ou eu me afasto dele) não consigo avançar, porque a cada 10 segundos paro para perguntar: “Espelho meu, espelho meu, há alguém mais bonito que eu?”.

 

“Saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou.”

O desaparecer sem deixar rasto não é novo. O mítico episódio “foi comprar cigarros e não voltou” perdeu o glamour cinematográfico e caminha para uma banalidade assustadora. Actualmente 50% dos homens e das mulheres referem terem sido alvo de ghosting, e um número aproximado praticou.

 

O que leva a fazer Ghosting?

Entre as principais razões podemos encontrar:

– Imaturidade emocional: “Eu não compreendia exactamente o que sentia, então, em vez de tentar falar, eu ghosting (desapareci).”

– Evitar o confronto.

– Nos casos em que se desenvolveu uma empatia é mais difícil terminar.

Quanto mais isto acontece, mais as pessoas ficam insensíveis a isso, e a probabilidade de que o reproduzam aumenta.

 

Como se sente alguém que foi ghosted?

– A impossibilidade de encerrar pode ser considerada “enlouquecedora” (no sentido de não poder ser pensada; de não ter uma lógica).

– Pode ser uma experiência traumática (que leve a fugir de novas relações)

– Aquele que é deixado sofre ainda mais devido à indiferença. Pior do que ser deixado é perceber que o companheiro nem sequer achou que valesse a pena “terminar”.

– Paralisado e impotente. O ghosting não dá nenhuma pista para reagir. A pessoa fica sem conseguir lidar com a situação porque não sabe o que verdadeiramente se passou.

– O ghosting é uma forma de crueldade emocional porque a possibilidade de reagir é restringida. Não me sendo dada a possibilidade de fazer perguntas, de arranjar elementos que me ajudem a construir uma narrativa para o sucedido, eu posso ficar enredado numa quantidade de “porquês” (que podem conduzir a uma culpabilização). Perante esta situação eu fico impedido de processar emocionalmente a experiência de rejeição e de perda.

– A ausência do outro impede-me de expressar, de exteriorizar em direcção a ele o que estou a sentir. Impede-me de gritar, de partir pratos, de protestar, enfim, ser ouvido (a existir; sou ouvido logo existo). Este processo de nos “defendermos do ataque” desferido por aquele que nos rejeita é fundamental para a preservação da auto-estima. Numa situação de ghosting é provável que em vez de pôr em causa a relação eu próprio me coloque em causa.

 

A vida continua

Embora trabalhos recentes mostrem que uma percentagem dos sujeitos acha o ghosting aceitável em algumas circunstâncias (relações curtas), a maioria considera que se trata de uma atitude inaceitável.

Para algumas pessoas o ghosting pode ser uma experiência devastadora. Apesar disso, as pessoas mais maduras e equilibradas emocionalmente conseguem com maior rapidez encontrar uma saída para esta situação. A capacidade de rever os acontecimentos, de compreender e aceitar o papel que desempenhámos no relacionamento, permite, não só sair da situação mais rapidamente como desenvolver um faro para reconhecer situações semelhantes.

 

O Ghosting é muito frequente?

Nos trabalhos de Freedman et al. recentemente publicados no Journal of Social and Personal Relationships, 25% dos participantes referem que foram alvo de ghosting, e 20% indicaram que o praticaram aos companheiros.

Sem surpresa, a maioria dos sujeitos referiram que o ghosting é uma forma inaceitável de terminar uma relação. No entanto, quanto mais curta a relação mais aceitável.

 

Quem está mais susceptível ao Ghosting?

Entre os vários factores que podem influenciar o ghosting, Freedman et al. analisaram as crenças acerca dos relacionamentos.

As pessoas que acreditam no destino – “Se um relacionamento está destinado a resultar, ele irá resultar, e se não estiver, ele falhará”-, são mais propensas a olhar para o ghosting como aceitável.

Por outro, as pessoas que acreditam no crescimento das relações, que consideram que os bons relacionamentos exigem trabalho, e que o sucesso de um relacionamento depende do esforço do casal, consideram o ghosting inaceitável.

É provável que aqueles que têm uma vinculação insegura e personalidades narcísicas  possam recorrer mais ao ghosting como forma de terminar um relacionamento.

 

Culpados e inocentes

Não temos números que nos digam que o ghosting acontece mais agora, mas é razoável assumir que na era digital, e tendo em conta novos contextos de relacionamentos (on-line dating), a probabilidade de algumas pessoas, simplesmente desaparecerem, seja maior.

Não entrando em comparações entre aquele que pratica e aquele que foi sujeito ao ghosting, ambos podem ser vistos como vítimas desta nova era onde reina o individualismo e as pessoas são vistas como objectos descartáveis.

mundo moderno

Como o Mundo Moderno nos está Afectar

O mundo moderno tem muitas coisas maravilhosas (a odontologia é boa, os carros são confiáveis, podemos facilmente entrar em contacto a partir do México com a nossa avó na Escócia) – mas também é poderosa e tragicamente capaz de causar um alto nível de ansiedade e estados depressivos.

Existem seis características particulares da modernidade que têm um efeito psicologicamente perturbador. Cada uma tem uma cura potencial, que só pode ser colocada em acção colectivamente quando conhecermos mais sobre o problema em questão.

 

  1. Meritocracia:

As nossas sociedades dizem-nos que todas as pessoas são “livres de fazer”, caso tenham talento e energia. A desvantagem dessa ideia, ostensivamente libertadora e apaixonante, é que qualquer insucesso sentido não é, como no passado, um acidente ou infortúnio, mas um sinal claro de falta de talento ou preguiça. Se aqueles que estão no topo merecem todo o seu sucesso, então aqueles que estão no fundo, certamente, devem merecer todo o seu fracasso. Uma sociedade que pensa em si mesma como meritocrática em vez de olhar para os que falharam como desafortunados, rotula-os de perdedores.

A cura é uma crença forte e culturalmente apoiada em duas grandes ideias: a sorte, que diz que o sucesso não depende apenas do talento e do esforço; e a tragédia, que diz que as pessoas boas e decentes podem falhar, e merecem compaixão em vez de desprezo.

 

  1. Individualismo:

Uma sociedade individualista prega que o indivíduo e suas realizações são “tudo” e que todos são capazes de ter um destino especial. Não é a comunidade que importa; A união, o grupo, é para os desesperançados. Ser “comum” é considerado uma maldição. Como resultado a maioria de nós acabará, estatisticamente falando, associada ao fracasso.

A cura passa pelo culto da boa vida trivial – e apreciar os prazeres simples do quotidiano.

 

  1. Secularismo:

As sociedades seculares não acreditam em qualquer coisa que seja maior ou superior a elas mesmas. As religiões costumavam ter o papel de manter os nossos caminhos insignificantes e batalhas internas em perspectiva. Mas agora não há nada para admirar ou relativizar nos seres humanos, cujos triunfos e percalços acabam por ser um tudo ou um nada.

A cura envolveria a utilização regular de fontes de transcendência para gerar uma perspectiva benigna e relativizada sobre as nossas mágoas: a música, as estrelas à noite, os vastos desertos ou os oceanos tornar-nos-iam mais humildes.

 

  1. Romantismo:

A filosofia do romantismo diz-nos que para cada um de nós há uma pessoa muito especial que nos pode tornar completamente felizes. No entanto, de uma maneira geral, temos que nos contentar com relacionamentos aceitáveis com alguém que é muito agradável em várias coisas e muito difícil noutras. Parece um desastre – em comparação com as nossas grandes expectativas.

A cura passa por perceber que não errámos: fomos encorajados a acreditar num sonho muito improvável. Em vez disso, devemos construir as nossas ambições em torno da amizade e do amor fraternal.

 

  1. Os média:

Os meios de comunicação têm um prestígio enorme e um lugar gigantesco nas nossas vidas – mas rotineiramente orientam a nossa atenção para as coisas que assustam, preocupam e irritam, ao mesmo tempo que nos retiram o poder de termos uma acção pessoal efectiva sobre essas coisas. Normalmente foca os lados menos bons da natureza humana, e deixa por mostrar a existência de boas intenções, responsabilidade e decência.

A cura passaria por notícias que se concentrassem em apresentar soluções ao invés de gerar indignação; despertar uma consciencialização para problemas sistémicos ao invés de enfatizar os bodes expiatórios e os monstros emblemáticos – e isso nos lembraria, frequentemente, que as notícias sobre as quais precisamos focar-nos veem das nossas próprias vidas e experiências directas.

 

  1. Aperfeiçoamento:

As sociedades modernas enfatizam que depende de nós sermos profundamente felizes, sanos e realizados. Como resultado, acabamos a detestar-nos, sentir-nos fracos e que estamos a desperdiçar a vida.

Uma cura seria uma cultura que promove permanentemente a ideia de que a perfeição não está ao nosso alcance – que esta, do ponto de vista mental, ligeiramente (e por vezes muito) tristonho é uma parte inescapável da condição humana e do que precisamos, acima de tudo, são bons amigos com quem podemos estar e conversar honestamente sobre nossos verdadeiros medos e vulnerabilidades.

As causas do sofrimento psicológico no nosso mundo são – actualmente – muito maiores e mais activas do que as curas que necessitamos. Nós merecemos muita pena pelo preço que pagamos por termos nascido nos tempos modernos. Mas, mais esperançosamente, as curas estão disponíveis de forma individual e colectiva, se reconhecermos, com clareza suficiente, as fontes das nossas verdadeiras ansiedades e tristezas.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

a partir de “How the modern world makes us mentally ill” – Alain de Botton

depressão infantil

Depressão Infantil. Direito à Tristeza e à Alegria

Depressão Infantil. Direito à tristeza e à Alegria

A organização psíquica do homem faz-se a partir de dois fenómenos de base: a angústia e a depressão. São estas duas situações que, por assim dizer, nos ensinam a viver. Um indivíduo, que no curso da sua evolução não se angustiasse, não organizava convenientemente as suas defesas. Um indivíduo que não se deprimisse tornar-se-ia rigidamente sempre igual.

A alegria e a tristeza aprendem-se na relação com a mãe, mas quando os ritmos e os equilíbrios entre as duas formas de estar não são favoráveis a uma resolução mental, a criança aprende a esconder a tristeza com a falsa alegria da instabilidade, com comportamentos provocatórios ou doenças várias.

Se a aprendizagem da relação afectiva com a mãe, e a resolução mental da depressão se não fazem adequadamente antes da escola, a criança não pode aceitar o que lá se ensina, porque apenas vê nela uma tralha informe de instrumentos que a torturam e que não servem as suas necessidades afectivas. Ela quer ser amada e encontrar quietação num ambiente tranquilizador, e fornecem-lhe matérias desafectadas, como as letras e os algarismos, as canetas e os papéis.

A criança é espontaneamente alegre quando é aceite e compreendida nas suas reacções afectivas e, entre estas, a sua tristeza.

O bloqueio afectivo e intelectual pode ser uma forma de tentar dominar a depressão.

A alegria é a descoberta do Eu e da autonomia do pensar. A tristeza é o que pode, em termos psicológicos, conduzir à depressão normal, que possibilita as mudanças evolutivas de estrutura psíquica, ou à depressão patológica, que se descarrega sobre os outros, sobre a forma de comportamento, ou sobre os órgãos, sobre a forma de doença psicossomática. O bloqueio afectivo e intelectual pode ser uma forma de tentar dominar a depressão.

Da tristeza e da paixão tem a criança de aprender o que dela fazer. Sem que ninguém lhe ensine… porque estar triste é olhar para dentro e reflectir sobre o próprio Ser. Os estados de tristeza e de paixão são, na vida da criança e do Homem, momentos de reflexão e, portanto, de criatividade.

Estar apaixonado é olhar para fora, para um ser que nos permite criarmo-nos a nós próprios como Seres humanos.

Nada de criativo existe no homem sem o Eu e o Outro…, mas a criança do Homem está a ser devorada na sua espiritualidade. Há que proclamar o direito da criança a agitar-se, manifestar sinais e sintomas de sofrimento psíquico, físico e moral, sem ser submetida a tratamentos medicamentosos ou a medidas repressivas. A cultura não se ensina, aprende-se no convívio dos homens, na livre descoberta que cada um possa fazer do amor dos outros.

Um sintoma de fundo que se observa em grande número destes sintomas reactivos é o da depressão infantil, que nem sempre se revela por inibições, como a gaguez; por compensações, como o furto; por conversão histérica, como a enurese; ou por angústia, como os terrores nocturnos. Às vezes, revela-se por tristeza manifesta, turbulência e por muitos actos, geralmente designados nos manuais por perturbações da conduta.

Todos os sintomas da idade escolar, mesmo que tenham conotações com perturbações somáticas, têm que ver com formas reactivas da criança lutar contra a depressão e a ansiedade. Como dissemos anteriormente, no fundo dos problemas das crianças em idade escolar há sempre a ansiedade e a depressão, uma e outra, às vezes inaparentes no exame superficial.

Tem uns escassos decénios a descoberta que há depressões infantis, e os educadores, ainda hoje, reagem a essa ideia, na convicção de que as crianças não têm o direito de estar deprimidas porque eles, adultos, fazem tudo por elas.

 

João dos Santos

Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos

Maria Eugénia Carvalho e Branco

chorar

Chorar é o melhor remédio

É realmente curioso como as pessoas da nossa cultura são tão chatas, que às vezes dizem aos outros, quando eles estão tristes: não chores, deixa lá, não é caso para chorar.

Não há melhor remédio para a tristeza do que chorar. As pessoas que não choram quando estão tristes nem sequer se apercebem do seu estado de tristeza, e isso ainda é pior!

Chorar é o melhor remédio e eu posso contar como descobri isso…

No princípio da minha carreira de psiquiatra fui chamado para ver uma senhora que estava num estado de depressão, de angústia, de perplexidade, de sideração extremamente impressionante. Tinha-lhe morrido um filho com leucemia depois de um longo sofrimento.

Acontecia que o filho dessa senhora tinha a idade de um dos meus filhos e eu fiquei bastante desarmado perante aquilo, sem saber o que havia de fazer.

Não ia dar um remédio a uma pessoa que estava magoada com a morte de um filho, não ia dar-lhe palavras de conforto que eu sabia que não faziam sentido nenhum, como não faziam para mim, não iria dizer-lhe que não tinha importância nenhuma morrer-nos um filho com leucemia, de maneira que fiquei ali, com vontade de chorar talvez, ou pelo menos muito impressionado, a ouvir a senhora.

Eu ouvi-a ouvia-a, muito tempo, muito tempo, muito tempo, até que ela começou a chorar… E então ela contou-me que já não chorava havia muitos meses, desde que tinha sido feito o diagnóstico e ela sabia que o filho ia morrer. E então de certa maneira agradeceu-me por eu lhe ter permitido chorar, por a ter deixado chorar.

Um mau serviço que se presta às pessoas, é convencê-las de que não se deve chorar. O normal quando se está triste, é chorar!

 

João dos Santos

“Se não sabe porque é que pergunta? – Conversas com João Sousa Monteiro”

puberdade psicologia clínica

A Puberdade e as suas consequências

A palavra puberdade, de origem latina, aparece no dicionário etimológico como o “conjunto de transformações psicofisiológicas ligadas à maturação sexual que traduzem a passagem progressiva da infância à adolescência”.

Trata-se de um conjunto de processos geneticamente pré-definidos que desencadeiam e levam à maturação sexual.

É uma fase crucial de mudanças somáticas e psicológicas, durante a qual se operam reestruturações nucleares que vão constituir matrizes da personalidade a consolidar ao longo da adolescência.

A puberdade caracteriza-se pelo surgimento da capacidade orgástica e reprodutiva. Sendo que a relação entre a preeminência do desejo sexual e a efectivação dessa possibilidade constitui uma fonte de angústia.

A puberdade tem o importante papel de transição, ou seja, põe fim à latência e dá início à adolescência e prepara o jovem para a autonomia. Trata-se de um processo ancorado no biológico mas com repercussões psicológicas, ou seja, organizador da vida psíquica, nomeadamente da psicossexualidade.

 

A crise na puberdade como organizador

Ao contrário do que acontece na adolescência, na puberdade pode mesmo falar-se de uma crise. Trata-se de um processo curto mas de grande agitação e até de disrupção, determinado por factores genéticos, que em último caso pode ser considerado um factor de risco para a saúde mental.

Uma vez que a crise puberal é uma situação disruptiva com implicações no narcisismo infantil, se esta crise se dá num Eu muito fragilizado pode acontecer que o desenvolvimento se interrompa, caindo numa situação psicopatológica.

 

Na puberdade dão-se alterações muito bruscas

A maturação genital que ocorre na puberdade impõe uma série de transformações corporais e funcionais de uma maneira tão brusca que provocam sentimentos de estranheza e até, em alguns adolescentes, despersonalização. É, talvez, a idade de maior sofrimento psíquico, caracterizado por estados confusionais de todo o tipo.

A puberdade no sexo feminino não apresenta a mesma continuidade com a latência como acontece no sexo masculino. Nesta altura a púbere sente que tem um corpo estranho, diferente daquele corpo harmónico da latência. Esse era um corpo controlável, este está “descontrolado” e a rapariga sente-se insegura e ineficiente sem controlo sobre o seu corpo, sendo incapaz de mentalmente elaborar as transformações que se processam.

Com a puberdade abre-se um caminho tumultuoso mas necessário para a evolução psíquica. Há uma luta entre o proibido e o imperioso.

No entanto este processo de bruscas alterações será sentido de forma menos dramática se decorrer dentro da evolução normal onde o desejo de crescer é predominante. Nessa altura começará a apreciar as alterações no seu corpo – face, seios, estatura, postura -.

 

O corpo na puberdade

O corpo com o qual a púbere se depara é um corpo estranho, diferente daquele que ela conhecia na latência. Esse era estável, sem grandes oscilações. Agora o corpo muda todos os dias. Esta velocidade dificulta a elaboração mental das transformações em curso.O corpo que a rapariga conhece é aquele da latência, e o corpo que lhe surge é um corpo de desejo, que é considerado estranho. Este “novo corpo” vai obrigar ao luto do corpo infantil.

A representação e a forma como é integrado o corpo sexuado, constituirá a matriz sobre a qual se vai organizar a futura sexualidade.

A forma como o corpo é investido narcisicamente, como masculino ou feminino, depende da forma de relacionamento objectal que a púbere teve com os pais e em particular da narcisação que deles recebeu. A púbere vai amar ou odiar o seu corpo conforme se sentiu amada ou rejeitada pelos pais.

A negação do corpo sexuado, fantasia de não pertencer a nenhum género (roupas muito largas), podem surgir nesta altura.

A integração da imagem do corpo sexuado no Self sofre vicissitudes e angústias que constituem pontos cruciais do desenvolvimento e da superação da puberdade”

As transformações nas relações entre pais e filho púbere estão ligadas às mudanças ocorridas na sua aparência física.

À medida que o corpo cresce também cresce o desejo de escapar ao domínio do outro, o que leva a pôr em causa as regras.

 

A regressão na puberdade

Na puberdade há um desejo de reconstruir a relação fusional como forma de atenuar a angústia de separação que reaparece no primeiro momento da maturação sexual genital.

Esta forte tendência regressiva até à mãe faz com que a ambivalência domine a situação: por um lado a dependência da mãe reaparece, negando a separação e o crescimento, e por outro, é agressiva, desafia a autoridade e as normas.

O desenvolvimento, de uma maneira geral, faz-se no permanente jogo entre forças de progressão e as paragens transitórias sempre ameaçadas pela regressão, no caminho para a diferenciação e a identidade. Desenvolver-se é diferenciar-se, e diferenciar-se é afirmar-se. Cada passo da diferenciação psíquica implica uma certa desorganização, acompanhada de um movimento regressivo.

Esta regressão não deve ser vista como uma coisa negativa uma vez que esta se encontra ao serviço do desenvolvimento, preservando o narcisismo, e corresponde a um tempo de espera que compense o descompasso entre a maturação sexual e a maturidade psicológica. O êxito na evolução para a feminilidade passa pela capacidade de superar as tendências regressivas da puberdade.

 

 A genitalidade e a sexualidade na puberdade

O termo puberdade tem uma relação estreita com a sexualidade. A palavra deriva de pūbēs, que designa a região genital. Também associado ao termo puberdade está, “velar” e “esconder”, neste caso escondido pelos pêlos. A descoberta da sexualidade é uma das tarefas dominantes da puberdade.

A puberdade com as suas transformações impõe a realidade (para alguns dolorosa) de um corpo sexuado e obriga a assunção de pertença a um dos géneros.A pulsão tem agora um objecto sexual – o outro -.

Com a maturação genital passamos do “não posso” da infância para o “posso” do púbere.

Nesta fase o funcionamento mental do púbere caracteriza-se por uma tensão excessiva, uma energia livre e uma sexualidade genital. Esta muitas vezes fica dentro do corpo (somatizações), ou é descarregada através do agir.

Em virtude do que foi descrito anteriormente pode compreender-se que os mecanismos de defesa mais usuais na puberdade sejam o ascetismo e a intelectualização. No que diz respeito à intelectualização, esta tem como fim a repressão emocional através da racionalização.

 

 

Excertos da Tese de Mestrado: “CONTRIBUTO À COMPREENSÃO DA ANOREXIA MENTAL FEMININA A PARTIR DO PROCESSO DE SEPARAÇÃO-INDIVIDUAÇÃO” – Pedro Martins

sentimentos de culpa

Sentimentos de Culpa – O Passado é agora

Megan, quarenta e um anos, não consegue lidar com os sentimentos de culpa pelo divórcio dos pais,  devido ao terríveis comportamentos que teve depois do seu irmão ter morrido subitamente, quando ela tinha quatro anos e o irmão dois.

Por um lado, Megan sabe que estava a sofrer devido à morte do irmão, e que, numa idade tão tenra, o sofrimento manifestou-se através de horrendos ataques raiva mas, por outro lado, ela acredita que as suas birras e acessos de raiva causaram tanto stress que o pai saiu de casa para viver com a sua assistente que não tinha filhos.

A lógica da situação é clara para Megan. A forma do pai lidar com a morte do seu irmão foi deixar a família e procurar refúgio noutra vida. Mas a compreensão de Megan não altera o seu sentimento de profunda responsabilidade pela depressão subsequente da mãe. Megan acredita que se ela fosse mais solidária durante aquele período sensível, os seus pais permaneceriam casados ​​e mãe não teria ficado deprimida.

Terapeuta – “Talvez isso a ajude a pensar que poderia ter feito algo para mudar o rumo da história. No entanto, talvez seja preferível sentir-se completamente devastada com o facto de o seu irmão ter morrido, os seus pais se terem divorciado e sua mãe ter ficado deprimida.”

Digo-lhe, salientando que o sentimento de culpa é muitas vezes um substituto do sentimento de desamparo.

Megan – “Sim, mas isso não muda o facto de que eu vivo a minha vida sentindo-me horrível comigo mesma pelo meu comportamento.”

Megan explica-me que na sua mente, a imagem negativa que tem de si própria, decorre desse tempo extremamente traumático da sua vida.

Terapeuta – “É bom, de certa forma, ser capaz de fortalecer a sua debilitada auto-imagem, considerando a sua longa e extensa vida, onde você fez tantas coisas, boas e más.”

Refiro, lembrando-a que, embora a morte do seu irmão tenha sido um momento muito significativo na vida dela, ela fez muitas outras coisas, como casar-se, construir uma carreira, ter os seus próprios filhos, e se ela puder interiorizar esses eventos, podem contribuir para consolidar o sentimento de si mesma.

Megan – “É difícil ver as coisas dessa forma porque eu vivo com medo, sabendo que a vida pode mudar repentinamente.”

Terapeuta – “Sim, administrar essa ansiedade, que para você está tão viva, é um enorme desafio.”

Refiro, lembrando-a que, a um certo nível, todos nós percebemos a incerteza da vida, mas muitos de nós, somos capazes de saber isso sem que esse facto nos afete tão profundamente.

Megan – “Eu sei que vivo no passado. Eu sei que meu irmão morreu há muitas décadas. Eu sei que é particularmente difícil para mim encontrar a paz nisso. Você é a única pessoa com quem posso conversar porque sei que o meu marido, os meus amigos e a minha família não entendem as minhas ansiedades.”

Megan sublinha que se sente sozinha com seus sentimentos, em parte, porque ela não encontra legitimidade neles.

Terapeuta – “É difícil ter sentimentos que vêm tão lá de trás na sua vida. É difícil para você sentir que é onde está agora.”

Digo-lhe, tentando ajudá-la a aceitar que neste momento a sua mente está presa lá atrás.

Megan – “Sim, eu queria que as coisas fizessem mais sentido para mim…

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

A partir de “Childhood guilt” – Shirah Vollmer

como construímos a nossa identidade

Como construímos a nossa Identidade

A construção da Identidade passa por um processo de identificação.

O termo identificação em psicologia presta-se a uma certa dificuldade porque é utilizado em dois sentidos:

1 – Identificação como operação mental de reconhecimento, como actividade gnóstica; identificar um objecto ou uma pessoa consiste em caracterizá-lo e reconhecê-lo, sendo portanto uma acção intelectual de abstracção e generalização e de comparação, uma operação lógico-dedutiva que enriquece a experiência sensório-motora e a actividade da senso-percepção.

2 – Identificação como movimento construtivo da personalidade, consistindo numa transformação do próprio por apropriação de características do outro.

A identificação – construção da identidade – nem sempre se faz pela interiorização de qualidades e atributos do outro, designada de identificação positiva. A identificação também se processa no sentido oposto: modificação do próprio pela criação de características opostas às do modelo; é a chamada identificação negativa (neste caso é mais um objecto de contraste do que de identificação).

Na identificação positiva está em causa uma relação amorosa com o objecto de identificação; na identificação negativa, uma relação de agressividade (“gosto tanto dele que quero ser como ele” , odeio-o tanto que quero ser bem diferente”).

Por isso a identidade positiva é estável e tranquilizadora, e a identidade negativa, instável e inquietante. A identidade negativa é um importante factor na génese do comportamento dissocial, mas também – em certa medida – da diferenciação individual.

Não se nasce com uma identidade psíquica; ela é uma construção pessoal.

Não se nasce com uma identidade psíquica; construímos a nossa identidade subjectiva. A identidade é, pois, uma construção pessoal. Até porque a percepção de que nós temos (quem somos e para onde tendemos), que temos do outro e que o outro tem de nós, é indicada pela introjecção do que necessitamos e pela projecção daquilo que desejamos; pois na compreensão das pessoas e de nós próprios a descriminação e avaliação cognitivas têm como suporte prínceps a qualificação emocional.

Parte-se, é certo, da identidade biológica, objectiva e de um programa genético para o seu desenvolvimento. Mas – sublinho – de um programa aberto: que permite um leque relativamente amplo de evoluções possíveis, mesmo da própria constituição biológica; muito mais, da organização mental.

O meio, sobretudo o ambiente afectivo-humano e socio-cultural, modela-nos e, até certo ponto, pode transformar-nos. As relações pessoais (interpessoais) significativas – na sua essência, relações intersubjectivas -, são a base e o veículo da construção identificativa que nos forma e, a todo o tempo, transforma. Somos, pelo menos em certa medida, uma criação do sistema relacional em que vivemos e convivemos – vale dizer, da relação afectiva em que fomos envolvidos e nos envolvemos: seja, uma criatura do outro e para o outro.

Porém, e sobremaneira, somos também – e desde o início – criadores activos (passe a redundância), espontâneos e livres do nosso ser psíquico, da identidade peculiar que nos vai definindo e diferenciando. Ser intencional por excelência, o homem constrói-se – mais que é construído. Para além de sermos – é preciso dizê-lo -, nós próprios, os construtores do mundo – e únicos obreiros, com os outros (em colaboração, abraço humano), do universo civilizacional e político que psicologicamente habitamos.

É esta posição eminentemente intencional e transformadora – de mim e do outro, meu parceiro de relação – e que nos distingue dos bichos.

E é no vínculo com o semelhante, na relação de apego e intimidade – relação biunívoca de amor e de descoberta – que me conheço e reconheço: sei quem sou e o que valho.

fobia escolar

Fobia Escolar

A fobia escolar é um quadro ansioso que surge já depois de vencido o medo normal da entrada para a escola, e quando a criança se encontra aparentemente adaptada.

Em nosso entender a “fobia escolar” é uma situação equivalente à da neurose de angústia e, portanto, um quadro dominado pela angústia e pela perspectiva ansiosa.

A “fobia de escola” é um medo sem objecto, duma criança já adaptada ao ambiente escolar.

Um motivo aparente atribuído pela criança e pelos pais a uma causa que parece fútil impede-a de frequentar a escola, devido às situações de pânico e de angústia que se desencadeiam, quando tem que se separar da mãe para se deslocar para o local dos seus estudos. Como em todas as situações de fobia, há uma forte participação da mãe e do resto da família da criança atingida (…).

Os motivos fúteis a que acima me refiro dizem respeito a acidentes vários a que a criança assistiu, histórias que ouviu, ameaças de companheiros ou de professores, etc.

Para alguém que tenha competência e experiência para fazer avaliação dos sintomas duma criança com “fobia escolar”, é evidente que os motivos apresentados, mesmo que logicamente plausíveis, não podem justificar uma angústia com as dimensões, como a que efectivamente se verifica.

Trata-se de uma crise relacionada com a evolução psicossexual em que a criança procura transformar as suas fantasias infantis, relacionadas com a “cena primitiva”, em algo cujo valor simbólico seja suportável. Não estando a criança preparada, através dos seus mecanismos de defesa, para sonhar, vivenciar ou compensar o seu erotismo genital, dá-se a eclosão da crise de angústia que exige uma intervenção terapêutica (…).

É situação rara que surge em crianças intelectualmente muito avançadas de meio sociocultural elevado.

 

“Vida, pensamento e obra de João dos Santos”

Maria Eugénia Carvalho e Branco

dores do crescimento psicólogoclínico

As dores do Crescimento

As dores do crescimento

Luke, vinte e quatro anos, faz duas sessões por semana há seis anos. Ele dedicou-se, com o apoio financeiro dos pais, a “trabalhar em si mesmo”. Nunca chega atrasado; nunca se esquece da sessão, apesar das várias alterações de horário devido ao meu trabalho e à escola dele.

Ao longo dos últimos seis anos ele “odiou-me”, “amou-me” e sentiu que eu era “irritante e muito maternal” com ele.

Sentimentos positivos, sentimentos negativos, sentimentos neutros não parecem mudar o seu compromisso com o nosso processo. Ele quase desistiu do ensino secundário, já que mal conseguia sair da cama para ir à escola, mas agora está a estudar medicina, em breve vai ajudar outros que precisam dele. Os pais disseram-me que temiam que, com tanta psicoterapia, ele quisesse ser psiquiatra, como se isso fosse uma má escolha. Para sorte deles, ele está a caminho de ser cirurgião.

Como ele diz: “Tenho pouco interesse em falar com as pessoas. Eu odiaria ter que lidar com pessoas como eu que berram e gritam consigo, como se fosse a mãe deles.” Eu quase senti que era um pedido de desculpa por tempos muito difíceis que passámos juntos, mas ele não tem razão para remorsos. Nós concordámos em trabalhar juntos e empenhados numa luta honesta, e a frustração e a raiva, são inevitáveis. Ambos tivemos comportamentos que nos fazem desejar que tivéssemos sido mais ponderados e controlados.

“Porque é que eu quero ver você todos os dias”, Luke pergunta-me de uma maneira doce, cativante e desafiadora. “Você está a avançar e com isso surgem as dores do crescimento”, digo-lhe, explicando que ele agora está no meio de um grande crescimento emocional, e a tentar decidir entre tantos encontros com raparigas, com quem ele deseja ter um relacionamento mais sério a longo prazo. Com um enorme sorriso, ele diz: “Bolas! Obrigado Dra. Vollmer, fico tão feliz de ouvir isso.”

De repente, eu enquadrei a dor de Luke como um meio para um fim mais profundo, e de repente ele deixou de se sentir mal com a sua indecisão, para se sentir bem quanto à forma como estava a considerar as coisas. Luke teve muitos problemas com os relacionamentos. Não tanto por as raparigas não gostarem dele, mas por não aprofundar os seus sentimentos em relação a elas. Consequentemente, cresceu insatisfeito com a maioria das suas experiências íntimas.

Ao explorarmos os seus próprios desejos num relacionamento, ele tornou-se mais cauteloso ao entrar em assuntos amorosos quando se tratava de gostar mais profundamente de uma rapariga.

Agora, Luke tem que tolerar a solidão da qual se defendeu através de constantes relacionamentos insatisfatórios.

A sua vontade de me ver diariamente é reflexo do seu novo desafio e da gestão desses sentimentos difíceis. Ao termos compreendido a necessidade de Luke me querer ver com mais frequência, e de a pensarmos à luz do seu crescimento emocional, não foi necessário aumentar o número de sessões.

 

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

A partir de “Why do I want to see you everyday” – Shirah Vollmer

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