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A Depressão na Adolescência - Pedro Martins Psicoterapeuta Psicólogo Clínico.

A Depressão na Adolescência

A depressão adolescentil instala-se habitualmente a meio ou para o fim da adolescência.

Habitualmente, após um período de uma separação-autonomia e individuação insuficientemente assumidas.

São casos em que aparentemente o pré-adolescente se autonomizou, mas durante o qual inconscientemente permanece fortemente ligado à infância.

“Um indivíduo jovem sai da adolescência quando a angústia dos seus pais não produz nenhum efeito inibidor.” F. Dolto

Um dos elementos de diagnose desta pseudo-independência é a ligação que o adolescente estabelece com o círculo relacional próximo da família:

–  Há um desejo de não se afastar, mas apenas de alargar o grupo familiar.

A este período (que se caracteriza por um estado eufórico, de dinamismo e de entusiasmo) de aparente separação da família, às vezes com um distanciamento comportamental evidente e escolha de padrões e valores diferentes dos dos pais, segue-se um período de manifesta regressão aos objectos e objectivos infantis.

Trata-se de um reencontro em novos moldes com a família, na vigência do qual o adolescente, de arisco e rebelde, se torna terno e simpático com os pais.

É quando se apercebe de que está abdicar dos seus projectos mais pessoais, defendendo activamente a submissão ao esquema parental, que o adolescente acorda da ilusão relacional euforizante.

Nessa altura tenta mais decididamente o luto da infância e das imagos parentais e a escolha de um objecto heterossexual verdadeiramente exogâmico e bem marcadamente seleccionado pelo seu desejo próprio, que a depressão autêntica, vivida –e, por vezes, séria – da adolescência se instaura.

Foi-se a alimentada ilusão de um retorno disfarçado à infância.

O caminho da desvinculação do passado e da aventura afirma-se como o mais válido e o único que conduz à realização criativa do homem.

No entanto, a nostalgia do passado, o luto inacabado da infância, a fixação e regressão infantis impedem-no de o trilhar com decisão.

A partir de “Audácia, Narcisismo e Sexualidade” – A. Coimbra de Matos

depressão infantil

Depressão Infantil. Direito à Tristeza e à Alegria

Depressão Infantil. Direito à tristeza e à Alegria

A organização psíquica do homem faz-se a partir de dois fenómenos de base: a angústia e a depressão. São estas duas situações que, por assim dizer, nos ensinam a viver. Um indivíduo, que no curso da sua evolução não se angustiasse, não organizava convenientemente as suas defesas. Um indivíduo que não se deprimisse tornar-se-ia rigidamente sempre igual.

A alegria e a tristeza aprendem-se na relação com a mãe, mas quando os ritmos e os equilíbrios entre as duas formas de estar não são favoráveis a uma resolução mental, a criança aprende a esconder a tristeza com a falsa alegria da instabilidade, com comportamentos provocatórios ou doenças várias.

Se a aprendizagem da relação afectiva com a mãe, e a resolução mental da depressão se não fazem adequadamente antes da escola, a criança não pode aceitar o que lá se ensina, porque apenas vê nela uma tralha informe de instrumentos que a torturam e que não servem as suas necessidades afectivas. Ela quer ser amada e encontrar quietação num ambiente tranquilizador, e fornecem-lhe matérias desafectadas, como as letras e os algarismos, as canetas e os papéis.

A criança é espontaneamente alegre quando é aceite e compreendida nas suas reacções afectivas e, entre estas, a sua tristeza.

O bloqueio afectivo e intelectual pode ser uma forma de tentar dominar a depressão.

A alegria é a descoberta do Eu e da autonomia do pensar. A tristeza é o que pode, em termos psicológicos, conduzir à depressão normal, que possibilita as mudanças evolutivas de estrutura psíquica, ou à depressão patológica, que se descarrega sobre os outros, sobre a forma de comportamento, ou sobre os órgãos, sobre a forma de doença psicossomática. O bloqueio afectivo e intelectual pode ser uma forma de tentar dominar a depressão.

Da tristeza e da paixão tem a criança de aprender o que dela fazer. Sem que ninguém lhe ensine… porque estar triste é olhar para dentro e reflectir sobre o próprio Ser. Os estados de tristeza e de paixão são, na vida da criança e do Homem, momentos de reflexão e, portanto, de criatividade.

Estar apaixonado é olhar para fora, para um ser que nos permite criarmo-nos a nós próprios como Seres humanos.

Nada de criativo existe no homem sem o Eu e o Outro…, mas a criança do Homem está a ser devorada na sua espiritualidade. Há que proclamar o direito da criança a agitar-se, manifestar sinais e sintomas de sofrimento psíquico, físico e moral, sem ser submetida a tratamentos medicamentosos ou a medidas repressivas. A cultura não se ensina, aprende-se no convívio dos homens, na livre descoberta que cada um possa fazer do amor dos outros.

Um sintoma de fundo que se observa em grande número destes sintomas reactivos é o da depressão infantil, que nem sempre se revela por inibições, como a gaguez; por compensações, como o furto; por conversão histérica, como a enurese; ou por angústia, como os terrores nocturnos. Às vezes, revela-se por tristeza manifesta, turbulência e por muitos actos, geralmente designados nos manuais por perturbações da conduta.

Todos os sintomas da idade escolar, mesmo que tenham conotações com perturbações somáticas, têm que ver com formas reactivas da criança lutar contra a depressão e a ansiedade. Como dissemos anteriormente, no fundo dos problemas das crianças em idade escolar há sempre a ansiedade e a depressão, uma e outra, às vezes inaparentes no exame superficial.

Tem uns escassos decénios a descoberta que há depressões infantis, e os educadores, ainda hoje, reagem a essa ideia, na convicção de que as crianças não têm o direito de estar deprimidas porque eles, adultos, fazem tudo por elas.

 

João dos Santos

Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos

Maria Eugénia Carvalho e Branco

Elogio – melhor que receber só mesmo merecer

Elogio – melhor que receber só mesmo merecer

Há coisas onde as crianças não diferem muito dos adultos: a satisfação de receber um elogio. Em ambos os casos o elogio pode não ser merecido, mas no que diz respeito aos filhos, os pais têm sempre um elogio “gratuito” para um poema horrível, para uma performance musical de arrepiar ou para um golo a 20 metros da baliza.

Confiança -, dizem. – É preciso que ganhem auto-confiança para triunfarem na vida. Será que o elogio incondicional gera confiança ou dependência?

As crianças e os jovens gostam de sonhar com conquistas mirabolantes e aplausos intermináveis. No entanto, fazem-no muito mais pelo prazer do devaneio do que pelo desejo real de concretização. Por seu lado, os pais, investem (por vezes na pior acepção da palavra) de corpo e alma nos sonhos dos filhos (ou seus) exponenciando os seus dotes de forma desmesurada.

Os pais estão convencidos que para os filhos triunfarem precisam confiar cegamente nas suas qualidades, esquecendo que sem esforço nada se consegue. Assim, mesmo sem se justificarem, os pais desfazem-se em aplausos.

O problema é que os elogios incondicionais em vez de produzirem auto-confiança provocam dependência: os filhos ficam dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. Escravos desta situação, invertem as prioridades: em vez de se esforçarem na concretização dos seus desejos, buscam os elogios.

Hoje, os filhos são o centro da vida de muitos pais e, ainda que encontremos aí um enorme altruísmo, na verdade, está também um grande vazio, que os pais procuram preencher através dos filhos. Isto acaba por gerar uma  dependência desigual: os filhos tornam-se importantes para os pais e os pais indispensáveis para os filhos. Cada passo que o filho dá tem que ser antecedido de um sms de autorização/aprovação.

A visão actual sobre as crianças é muito diferente e, como normalmente acontece, para as compensar de todo o mal que lhes provocámos, passa-se para o outro extremo: endeusamento. Talvez as coisas não sejam assim tão simples e esse endeusamento tenha um preço elevado e, já lhes esteja a ser cobrado.

As crianças são o futuro, é incontestável. Não quererá isso também dizer que lhes colocamos a responsabilidade de compensarem as nossas falhas e fracassos? Não andaremos à procura de um orgulho retroactivo?

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