Etiqueta: <span>redes sociais</span>

Guia para Encontros na Era Digital Pedro Martins Psicoterapeuta

Guia para Encontros na Era Digital

Se está à procura de encontros casuais, um relacionamento a longo prazo, um parceiro para BDSM, ou alguém para ir ao cinema, é fácil ficar fatigado e frustrado com a enorme quantidade de aplicativos e sites que existem.

 

Coisas a ter em mente em relação a encontros nos dias de hoje:

 

Você está a conhecer um estranho

É importante não se esquecer que quando combina uma saída com alguém que conheceu através de uma aplicação ou de um site, você está a sair com um estranho.

A referência a este aspecto não tem a ver com os “perigos”, mas para salientar que você realmente não pode conhecer uma pessoa antes de conhecê-la.

Hoje em dia é cada vez mais raro ouvir alguém dizer que vai sair com uma pessoa que conheceu no trabalho.

A maioria das pessoas combina encontros através das redes sociais e aplicações.

No entanto, como muita da comunicação se dá em forma de mensagens de texto curtas, troca de fotos ou de mensagens por meio de aplicações, rapidamente se cria uma falsa sensação de intimidade, antes mesmo de você se encontrar com a pessoa na vida real.

 

A criação de uma fantasia

Como as pessoas com quem se combinam este tipo de encontros raramente compartilham um contexto comum, por exemplo, de escola ou de amigos, é muito mais fácil criar uma fantasia acerca da outra pessoa antes de se encontrar com ela.

As pessoas apresentam claramente versões retocadas e idealizadas de si mesmas nas redes sociais e nas aplicações.

Um paciente contou-me que um amigo tinha dois perfis diferentes no mesmo site de encontros:

Um dirigido para “aventuras” e outro para relacionamentos; cada um com uma lista diferente de hobbies e interesses.

 

A comunicação através de mensagens de texto curtas e troca de fotos cria uma falsa sensação de intimidade.

 

Outra paciente referiu que tinha andado a sair com uma pessoa que odiava a mãe, mas no seu perfil tinha fotos muito doces dos dois a abraçarem-se no Natal.

As palavras e as imagens que se apresentam nutrem a imaginação da pessoa que olha para o perfil.

Acontece numa questão de minutos. Por vezes a fantasia pode começar mesmo antes de uma mensagem ser trocada.

As mensagens trocadas antes do encontro perpetuam essas fantasias e podem ofuscar as incompatibilidades que surgiriam rapidamente se você se encontrasse com a pessoa na vida real.

 

É mais do que uma lista de características/qualidades

As pessoas quererem conhecer alguém que preencha certos requisitos, que podem incluir altura, educação, etnia, idade, fertilidade, excentricidade e muito mais.

O recurso “pesquisa avançada” em sites e aplicações facilita a pesquisa das pessoas que atendem aos critérios específicos e amplificam o problema.

Isso, associado com o número de pessoas on-line, leva à ideia de que você pode continuar a procurar alguém melhor ou mais compatível, reforçando a noção de que existem possibilidades ilimitadas.

No entanto, a verdade é que possibilidades infinitas tornam difícil avaliar a conexão com a pessoa sentada à nossa frente.

Se você estiver interessado num relacionamento e ainda estiver a sair com várias pessoas, não terá espaço emocional para descobrir quem é a pessoa certa para você.

Parte do objectivo dos encontros é descobrir se a outra pessoa tem capacidade de se ligar, de relacionar-se consigo, respeitar e comunicar de uma maneira honesta e confiável, e se conseguem divertir-se juntos.

Isso exige presença de mente, coração, e investimento de tempo.

As check list de qualidades/características por si só não são suficientes para perceber como alguém se relaciona. Você tem de se relacionar com a outra pessoa para descobrir.

 

Devido às características destes encontros é muito mais fácil criar uma fantasia acerca da outra pessoa antes de se encontrar com ela.

 

Aqui ficam algumas dicas para ajudá-lo a lidar com alguns desafios dos encontros na era digital:

Dicas para encontros na era digital

Não deixe que a comunicação digital ou as mensagens continuem por muito tempo. Limite-se a trocar um pequeno número de mensagens antes de passar para uma ligação telefónica.

Depois de você falar com a pessoa pelo telefone reflicta sobre as sensações com que ficou. Por exemplo, como a conversa fluiu.

Tente evitar enviar mais de três mensagens sem resposta. Isso faz com que você se sinta mal e pode fazer com que a outra pessoa se sinta pressionada.

Avalie a qualidade dos relacionamentos do potencial parceiro à medida que surgem situações com a família, amigos e ex-namorados.

Pensar em ser exclusivo não significa que você está comprometido para sempre. Mas sem isso é complicado perceber como é realmente a conexão.

Seja honesto com aquilo que você está à procura, seja a curto ou a longo prazo, significativo ou casual.

Você não vai assustar alguém que quer estar consigo por expressar os seus desejos.

A verdade é que nestes tempos existem muitas maneiras das pessoas poderem encontrar outras. Com algum esforço, a probabilidade de encontrar alguém aumenta.

Boa sorte!

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

a partir de The Ultimate Guide to Dating in the Digital Age – Shirin Ali

 

FOMO - medo de ficar fora

FOMO – O Medo de Ficar de Fora

FOMO – Fear of Missing Out, em português “medo de ficar de fora”, envolve uma ansiedade de que se possa estar a perder um momento excitante que está a acontecer noutro lugar.

É esse medo que faz com que se esteja sempre a atualizar o feed das redes sociais, para saber o que é que os outros estão a fazer. Não se quer sentir excluído.

O fenómeno, que já existe há vários anos, ganhou maiores proporções por causa das redes sociais — tudo porque agora consegue estar ligado a toda a gente em todos os momentos.

Pedro Martins afirma que “o FOMO é sentido independentemente da fonte de onde se obtém a informação do evento ou atividade social. Seja por um amigo ou nas redes sociais, o efeito é o mesmo”.

No entanto, com as redes sociais é natural que a ansiedade ainda possa ser maior: não há forma de não ver. “O próprio Facebook faz questão de lembrar que os meus amigos têm um evento, e os eventos que vão acontecer perto de mim”.

O psicoterapeuta Pedro Martins explica que o FOMO acontece porque não se pode estar em todo o lado ao mesmo tempo. Há que fazer escolhas: “A arte de viver é a arte da renúncia, é preciso renunciar a umas coisas para ter outras.”

“Nós temos limites e, de alguma forma, não reconhecer isso é uma via aberta para aumentar a ansiedade e a depressão”.

“Eu tenho de escolher a que festa vou mas, se fico a pensar que estou nesta festa e gostava de estar na outra, na verdade, acabo por não estar em nenhuma e dificilmente consigo tirar alguma satisfação. Se estamos com medo do que estamos a perder, dificilmente ganhamos alguma coisa”.

Para quem tenha este problema, Pedro Martins refere que o importante é perceber que é impossível estar em todo o lado e que há limites: “Pensamos que está alguma coisa mal connosco quando não conseguimos fazer tudo, e isso é uma atitude autodestrutiva e um objetivo impossível. Nós temos limites e, de alguma forma, não reconhecer isso é uma via aberta para aumentar a ansiedade e a depressão”.

Excertos de : “Teste. 10 perguntas para entender o seu nível de FOMO (o medo de ficar de fora do que se está a passar com os amigos). E como superá-lo.” – Conversa que tive com a jornalista Adriana Claro – MAGG

Ler o artigo: https://magg.pt/2018/05/19/teste-10-perguntas-para-entender-o-seu-nivel-de-fomo/

 

 

psicoterapia tinder

A Síndrome de Tinderela

Ter vários pretendentes com quem se conversa nas redes sociais e não concretizar nada com nenhum, não é azar mas parte do Síndrome de Tinderela (o nome desta síndrome tem origem na aplicação Tinder).

Através do Tinder muitas pessoas conseguiram ter mais encontros amorosos num mês do que ao longo de toda a vida. A parte negativa desta forma simples, acessível e imediata de fazer “match” com alguém é precisamente a facilidade com que ambas as partes encontram o “par perfeito” através de um perfil de características adornadas e fotografias retocadas.

Flertar com um ou vários homens ao mesmo tempo através das redes sociais não garante o início de um relacionamento bem-sucedido. Pelo contrário, o uso constante destas ferramentas digitais está associado ao medo que uma mulher tem de se dar a conhecer e conhecer uma pessoa de maneira real, de experimentar sentimentos mais profundos e de se comprometer.

A síndrome Tinderela levanta um paradoxo interessante, mas muito preocupante. As aplicações e – em geral – a tecnologia sugerem facilitar a nossa vida, no entanto, ao invés de as apps como o Tinder servirem como plataforma facilitadora para ampliar o círculo social e começar a conhecer pessoas reais, estas estão a tornar-se causa de maior afastamento e solidão.

Não estou certo que exista a síndrome Tinderela, como não estou certo que todas as pessoas que utilizam este género de aplicações se enquadrem no quadro descrito. Para muitas pode ser uma alavanca importante para dar início a uma relação que se pode ir aprofundando. Uma ferramenta importante para enfrentar a timidez. Mas para grande parte das pessoas não passa de um jogo de bate-e-foge, onde quase todos perdem, mesmo quando vencem.

Pensamento mágico. Pedro Martins Psicólogo clínico Psicoterapeuta

Pensamento Mágico

O termo pensamento mágico designa o pensamento que se apoia numa fantasia de omnipotência para criar uma realidade psíquica …

Identificação Projectiva. Pedro Martins - Psicólogo Clínico Psicoterapeuta

Identificação Projectiva

Em situações desconfortáveis com outra pessoa, por vezes é difícil saber de onde vem o desconforto, de nós ou do outro. …

Adoecer Mentalmente. Pedro Martins Psicólogo Clínico Psicoterapeuta

Adoecer Mentalmente

Adoecer Mentalmente: Durante bastante tempo podemos conseguir lidar suficientemente bem com as coisas. Conseguimos ir trabalhar …