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Por que não me ama da forma que eu quero Pedro Martins Psicoterapeuta Psicólogo Clínico

Por que não me ama da forma que eu quero?

A verdadeira intimidade requer a rendição à forma como o nosso parceiro nos ama.

 

Quando insistimos em que os nossos parceiros mostrem o seu amor da forma que desejamos, podemos estar a evitar ter uma relação verdadeiramente íntima.

Podemos estar com dificuldade em apreciar a forma como o nosso parceiro expressa o seu amor e nos rendermos ao amor que ele oferece.

É possível que nos sintamos carentes quando os nossos parceiros não conseguem demonstrar o seu amor da forma que nós queremos.

Talvez eles não se lembrem do nosso aniversário, não nos tragam flores ou não cozinhem a nossa refeição preferida. Seria assim tão difícil para eles fazerem as coisas que nós queremos?

Provavelmente é difícil para eles, embora não esteja a dizer que não devam tentar. Mas se nos queixamos do que não estamos a receber sem apreciarmos o que recebemos, estamos a rejeitar uma parte muito íntima deles.

E nós não queremos rejeitá-los! Nós amamo-los. Nós amamos que eles nos amem. Queremos apenas que eles expressem o seu amor de forma diferente – da forma como nós queremos.

A forma como uma pessoa ama pode ser a expressão mais íntima de quem ela é; quando isso não é acolhido, pode ser sentido como uma rejeição profunda.

 

As Nossas Fantasias Sobre o Amor

Crescemos com fantasias de como será encontrar o nosso parceiro de vida. Estas ideias ou fantasias sobre o amor são muitas vezes baseadas nas nossas experiências com o amor, à medida que crescemos nas nossas famílias e na nossa cultura.

A partir da infância, desenvolvemos interacções minuto a minuto com os nossos familiares. A forma como somos amados pelos nossos cuidadores lança as bases para o sentimento de nós próprios em relação aos outros – como nos sentimos amados.

 

A verdadeira intimidade requer o reconhecimento de uma outra pessoa separada, com os seus próprios pensamentos, sentimentos, desejos – e formas de demonstrar amor.

 

À medida que crescemos, observamos como os nossos pais se amam; isto proporciona-nos o nosso primeiro modelo de um amor íntimo e romântico.

Mais tarde, ainda, somos empanturrados de representações culturais do amor: canções de amor, programas de televisão, filmes e afins.

Quando a realidade da nossa relação não coincide com as nossas fantasias, podemos ficar desapontados.

Podemos assumir que estamos com a pessoa errada. Ou podemos duvidar se eles nos amam de todo – afinal, se eles realmente nos amassem não fariam como nós desejamos?!

Há sempre um elemento de fantasia nas relações românticas. O romance envolve-nos no âmago do nosso ser, faz-nos recuar até à infância, por isso vai despertar algumas coisas bastante irracionais.

Mas se quisermos uma verdadeira intimidade, ela não será encontrada com alguém que preenche as nossas fantasias ou se encaixe nas nossas ideias de um parceiro “ideal”.

A verdadeira intimidade requer o reconhecimento de uma outra pessoa separada, com os seus próprios pensamentos, sentimentos, desejos – e formas de demonstrar amor.

 

Joana e Filipe

Considere este cenário: A Joana queixa-se que o Filipe não mostra o seu amor. Filipe refuta esta observação, enumerando todas as formas como ele mostra o seu amor.

Ele refere todas as vezes que deixou o que estava a fazer para correr em auxílio de Joana, mesmo quando sabia que ela estava apenas a ser hipocondríaca.

Joana concorda que pode sempre contar com ele, mas insiste que ele nunca lhe diz como ela é maravilhosa e como ele a admira.

Joana sempre imaginou encontrar um homem que a achasse bonita e inteligente.

Quando jovem, ela imaginava ser inundada com as palavras gentis e atenciosas que ouvia dos pais, mas desta vez, de um homem encantador. A família de Joana demonstrou o seu amor através palavras.

 

A forma como uma pessoa ama pode ser a expressão mais íntima de quem ela é

 

Joana está com um homem que não é um muito falador – ele prefere demonstrar o seu amor através de acções.

Quando questionada, Joana concorda prontamente que é amada por Filipe, mas continua a sentir esta ausência como uma pedra no sapato, que a faz questionar se Filipe é o homem certo para ela.

 

Intimidade e a Rendição ao Amor

Rendermo-nos à forma como um parceiro nos ama significa que valorizamos o seu ponto de vista – honramos a legitimidade da forma como pretendem que os seus actos ou palavras sejam recebidos.

Qualquer pessoa pode enviar-nos flores ou fazer-nos um elogio sem nos amar. No amor, é a intenção por detrás do acto que importa.

Quando simpatizamos com a perspectiva do nosso parceiro, achando-a tão válida como a nossa, expandimos o nosso sentido do que é aceitável – estamos em mudança.

Quanto mais aprendemos sobre o nosso parceiro e valorizamos a forma como ele vê as coisas, mais as acolhemos e maior é o nosso sentido de intimidade.

A rendição à forma como o nosso parceiro ama não nos diminui; não abandonamos a nossa própria perspectiva. O amor é aditivo – experimentamos o crescimento ao expandir o nosso sentido do que significa ser amado.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

A partir de: Why Doesn’t My Partner Love Me the Way I Want? – David Braucher

 

Porque se Evita Falar de Desejos Sexuais- Pedro Martins Psicoterapeuta

Por que se Evita Falar de Desejos Sexuais?

O conflito é inevitável nos relacionamentos. Você gostaria de economizar mais dinheiro para o futuro, mas o seu parceiro gostaria que os dois aproveitassem mais a vida agora. Você acha que o seu companheiro é muito duro com as crianças, mas o seu parceiro acha que você é demasiado tolerante. Você acha que já faz mais que a sua parte das tarefas domésticas, mas o seu parceiro acha que você não faz o suficiente.

Frequentemente, os casais discutem sobre questões como estas e, muitas vezes, podem encontrar soluções para as divergências.

Os casais que conversam sobre questões sexuais estão mais satisfeitos com os seus relacionamentos

No mínimo, quando falam sobre os seus problemas, percebem melhor as preferências dos parceiros. Mas há uma área de conflito que muitos casais evitam discutir a todo o custo: diferenças nos desejos sexuais.

Várias pesquisas mostram que os casais que conversam abertamente sobre questões sexuais estão mais satisfeitos com os seus relacionamentos. No entanto, muitas pessoas preferem suportar uma vida sexual infeliz do que ter a temida conversa.

Porque é que tantas pessoas têm medo de dizer ao parceiro quais são os seus desejos sexuais?

Esta é a pergunta que a psicóloga Uzma Rehman e os seus colegas exploraram num estudo recente sobre comunicação de conflitos nos casais.

A comunicação de conflitos é sempre difícil, em grande parte porque estamos motivados para evitar emoções negativas. Os ânimos aquecem e as pessoas magoam-se.

Assim como evitamos ir ao dentista apesar duma dor de dentes, evitamos conversar com o nosso parceiro sobre questões delicadas. Então deixamos os problemas alastrarem-se.

Com os problemas não sexuais tendemos a chegar a um ponto em que, “rebentamos” e deixamos sair tudo.

As discussões podem ser saudáveis, sobretudo, quando a discussão permanece focada no assunto em questão e não é usada para desferir ataques.

Mesmo os casais que são razoavelmente bons a resolver vários tipos de conflito ficam presos quando se trata de discutir problemas sexuais.

Em vez de comunicarmos as nossas preferências e perguntar quais são as dos nossos parceiros, seguimos padrões culturais sobre como é suposto o acto sexual acontecer.

Apesar do nosso desejo de ruptura com a rotina, conservamos as fantasias para nós mesmos. Não é de admirar que as nossas vidas sexuais se tornem desenxabidas depois de anos de casamento.

Encontrar coragem para falar dos seus desejos sexuais pode impulsionar o relacionamento.

Pesquisas anteriores mostraram que os casais evitam a comunicação de conflitos porque os percepcionam como três formas de ameaça diferentes:

Ameaça ao relacionamento. As pessoas temem que a discussão sobre o conflito danifique irremediavelmente a relação. Noutras palavras, valorizam os seus relacionamentos mesmo quando não são felizes.

Então, preferem não dizer nada, a arriscar um conflito que poderia levar a uma melhoria na relação, mas que também poderia destruí-la.

Ameaça ao parceiro. As pessoas temem que a discussão sobre conflitos possa magoar os seus companheiros.

Ou seja, preocupam-se com o bem-estar dos seus companheiros, mesmo quando não estão felizes com a maneira como o relacionamento corre.

Mais uma vez, preferem viver nesse estado do que fazer com que o seu parceiro se sinta desconfortável, mesmo com a possibilidade de melhorar as coisas.

Ameaça para si mesmo. As pessoas temem que a discussão sobre conflitos as torne vulneráveis.

Se revelam muito sobre si mesmos, ficam preocupados com o facto de o seu companheiro os desaprovar ou fazer com que se sintam envergonhados.

Precisamos da aprovação do nosso parceiro, mas o medo de perdê-lo é a principal razão pela qual as pessoas evitam falar sobre assuntos delicados.

No seu estudo, Rehman e os seus colegas, pediram às pessoas com relacionamentos sérios que se imaginassem numa situação de conflito com o companheiro. O cenário envolvia uma questão não sexual sobre a divisão de tarefas domésticas e uma questão sexual sobre os envolvimentos íntimos.

Depois disso, os parceiros responderam a um questionário que media a sensação de ameaça ao relacionamento, ao parceiro e a si próprio.

Por um lado, os resultados mostraram que os conflitos sexuais são semelhantes aos conflitos não sexuais, em que todos os três tipos de ameaças percebidas eram altos.

Por outro lado, os argumentos sexuais resultaram em níveis ainda mais elevados de percepção de ameaça ao próprio do que os confrontos não-sexuais.

As pessoas não falam sobre questões sexuais é porque consideram uma ameaça a si mesmas

Em suma, este estudo mostrou que a principal razão pela qual as pessoas evitam falar com os seus companheiros sobre questões sexuais é porque elas consideram essa discussão como uma ameaça a si mesmas.

Com base nas respostas deste estudo e noutros, podemos apontar algumas razões pelas quais os casais se afastam das discussões sobre questões de intimidade.

Primeiro, por razões culturais, o sexo é um assunto embaraçoso, por isso evitamos, de todo, falar sobre isso. Ou então, aliviamos a tensão transformando as discussões sexuais em piadas.

Mesmo dentro de relacionamentos sérios, tendemos a ver o sexo como lascivo e por isso não falado.

Em segundo lugar, a educação sexual é, lamentavelmente, inadequada. Embora tenhamos noções sobre como o acto sexual deve ocorrer, poucos de nós entendemos a amplitude e o impacto que as actividades sexuais têm para os seres humanos.

Portanto, temos dificuldade de compreender os nossos impulsos sexuais, e não dispomos de vocabulário para comunicá-los aos nossos companheiros.

Por causa do nosso constrangimento e ignorância no que diz respeito às questões sexuais, sentimo-nos especialmente vulneráveis ao revelar as nossas fantasias secretas.

Como achamos que os nossos desejos são estranhos, assumimos que nosso parceiro pensará o mesmo.

As pessoas que têm coragem de discutir questões de intimidade com os companheiros geralmente são mais felizes nos relacionamentos.

Mas aprender a superar toda uma vida de constrangimento sobre sexo e desenvolver um vocabulário adequado exige esforço.

Apesar de o conflito ser inevitável nas relações e os casais fugirem deles, as questões de intimidade estão entre as mais difíceis de abordar.

O conflito em si não é um sinal de que algo corre mal na relação. Pelo contrário, se ambos os parceiros abordarem a discussão com a vontade de resolver a questão, o relacionamento será fortalecido.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins a partir de: “Why You Won’t Talk About Sexual Issues With Your Partner” – David Ludden. Ilustração Lumi Mae

 

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