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Procrastinação: dificuldade em gerir tempo ou emoções? Pedro Martins Psicoterapeuta Psicólogo Clínico

Procrastinação: dificuldade em gerir tempo ou emoções?

A investigação tem procurado esclarecer se a procrastinação é uma dificuldade em gerir o tempo ou em lidar com as emoções.

Tim Pychyl, de Carleton University, no Canadá, e a sua colaboradora Fuschia Sirois, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, propuseram que a procrastinação é uma dificuldade em lidar com as emoções, e não o tempo.

Adiamos uma tarefa porque ela faz-nos sentir mal – talvez seja chata, complicada ou estamos com medo de não a conseguirmos fazer bem, ou seja, do fracasso – e para nos sentirmos melhor (nesse momento) começamos a fazer outra coisa.

Uma das primeiras investigações a relacionar as emoções com a procrastinação foi publicada em 2001 por pesquisadores da Case Western Reserve University, no Ohio.

Ao pedirem às pessoas que lessem histórias tristes (tarefa) induziram-lhes sentimentos negativos.

Posteriormente, verificaram que isso aumentava a sua tendência para procrastinar,

Isso levou os participantes a distraíram-se com quebra-cabeças ou a jogar videojogos em vez de se prepararem para o teste de inteligência que estava incluído na investigação e do qual foram previamente informados.

Estudos subsequentes da mesma equipa mostraram que os sentimentos negativos só aumentam a procrastinação se estiverem disponíveis actividades agradáveis para se distraírem, e apenas se as pessoas acreditarem que podem mudar o seu humor.

Em investigações onde os sujeitos não contemplavam possibilidade de alterar o seu humor, não se verificou um adiamento da tarefa.

 

A tendência a procrastinar está associada à dificuldade em lidar com as emoções

 

A teoria da regulação emocional da procrastinação faz sentido de forma intuitiva.

A perspectiva da procrastinação como regulador emocional ajuda a explicar alguns novos e estranhos fenómenos, como a moda de assistir a vídeos de gatinhos, que tiveram milhões de visualizações no YouTube.

Uma pesquisa envolvendo milhares de pessoas, efectuada por Jessica Myrick, da Universidade de Indiana, confirmou a procrastinação como um motivo comum para ver os vídeos de gatos e que vê-los levou a uma melhoria do humor.

A pesquisa de Myrick também destacou outro aspecto emocional associado à procrastinação – a culpa.

Muitos dos inquiridos sentiam-se culpados depois de verem os vídeos dos gatos.

Isso mostra como a procrastinação é uma estratégia de regulação emocional ineficaz.

Embora possa trazer alívio a curto prazo, ela apenas adia os problemas para mais tarde.

Em certos casos, ao retardar o trabalho as pessoas começam a sentir mais stress, culpa e frustração.

Talvez não cause admiração que a pesquisa de Fuschia Sirois tenha mostrado que a procrastinação sistemática está associada a uma série de consequências na saúde física e mental, incluindo ansiedade, depressão, infecções e doenças cardiovasculares.

Sirois acredita que a procrastinação tem estas consequências adversas através de duas vias:

  1. a) – É stressante continuar a adiar tarefas importantes e não cumprir os objectivos
  2. b) – A procrastinação geralmente retarda comportamentos saudáveis, tais como fazer exercício físico ou consultar um médico.

Ao longo do tempo, o stress elevado e a ausência de comportamentos saudáveis teem um efeito negativo na saúde.

Isto significa que superar a procrastinação pode ter um impacto positivo na vida das pessoas.

A pesquisa de Sirois sugere que “diminuir a tendência de procrastinar sistematicamente em 1 ponto [numa escala de 5 pontos de procrastinação] significaria (potencialmente) que o seu risco de ter problemas de saúde cardíaca se reduziria em 63%”.

 

A procrastinação é uma estratégia de regulação emocional ineficaz

 

Outro dado importante das pesquisas indica que aqueles que procrastinam mais tendem a ter uma inflexibilidade psicológica:

– definida como o domínio rígido de certas reacções psicológicas sobre os valores pessoais na orientação das acções.

O estudo de Nikolett Eisenbeck e seus colegas, publicado no Journal of Contextual Behavioral Science, indica que os níveis mais altos de procrastinação estavam relacionados com um elevado sofrimento psicológico.

Tanto a procrastinação como a angústia foram associadas à inflexibilidade psicológica.

Além disso, a inflexibilidade psicológica mediou a relação entre o sofrimento psicológico e a procrastinação.

Este papel mediador foi observado nos três estados emocionais negativos: depressão, ansiedade e stress.

Estes resultados indicam a existência de uma ligação entre que os estados emocionais negativos e a procrastinação.

Outras pesquisas, mas também a experiência vivida, mostram muito claramente que, uma vez começada uma tarefa, normalmente somos capazes de continuar. Começar não é tudo, mas pode ser uma grande ajuda.

Aborde os verdadeiros motivos pelos quais procrastina e é provável que comece a alcançar os seus objectivos de forma mais rápida e menos angustiante.

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